Eduardo Capellari,
CEO da Atitus Educação
“Basicamente, durante o século 20, frequentar uma universidade era a melhor forma de ascensão social. Os jovens investiam na formação e com um diploma de curso superior iam para o mercado de trabalho arranjar algum emprego ou empreendiam e, em alguns anos após a formatura, tinham recursos suficientes para pagar todo o investimento realizado. Dos anos 1990 para cá, isso vem mudando, gradativamente, e esse período pré e pós-pandemia acelerou um gap em que o diploma não confere mais ao aluno (egresso do ensino superior) uma condição de ter retorno financeiro sobre o capital que ele investiu. Isso é estrutural. No Brasil, nós temos 40% dos jovens com um curso superior em um subemprego ou em atividade que não tem nenhum vínculo ou, então, muito longe da formação que realizou, com subsalários, salários muito baixos. E mesmo na maior economia do mundo que são os Estados Unidos, você tem já dois movimentos nos últimos três anos e o perdão da dívida universitária demonstrando que mesmo que você frequente as 100 melhores universidades do mundo, ainda assim não consegue pagar a dívida do teu financiamento estudantil. Isso está levando ao fato que a universidade como o modelo que é, uma instituição centenária de 200, 300, 400 anos, não se reorganizou com a agilidade necessária para dar conta de uma das maiores transformações do mundo do trabalho num curto espaço de tempo. Então, o tipo de formação, a grade curricular, a forma que o aluno cursa uma graduação, não confere a ele condições mínimas para disputar o mercado de trabalho que é cada vez mais digital, com um conjunto de competências que são mais diversas do que as grades curriculares apresentam.”