A OpenAI pode trazer um novo investidor para seu captable. Desta vez trata-se da Temasek. Segundo o Financial Times, as conversas entre a companhia desenvolvedora do ChatGPT e a gestora de Cingapura estão em andamento há alguns meses.
Caso as negociações avancem, a OpenAI pode trazer pela primeira vez um investidor cujo capital é formado por dinheiro público. A gestora opera como fundo soberano de Cingapura e tem mais de US$ 287 bilhões em ativos sob gestão. Entre as investidas estão companhias como Stripe, Alibaba e Tencent.
Nos últimos meses, executivos de alto escalão da Temasek marcaram encontros com Sam Altman, CEO da OpenAI, para discutir um possível aporte na companhia. Os detalhes da negociação estão sendo mantidos em sigilo e ambas as partes desejam não comentar o assunto por ora.
Uma pessoa familiarizada com as conversas disse ao Financial Times que, inicialmente, a gestora poderia investir na Hydranize Capital, uma gestora de venture capital criada por Altman. As conversas, porém, mudaram de direção para um aporte da Temasek na própria OpenAI.
Altman não esconde que seu plano para a OpenAI é diversificar a operação para atacar o mercado de chips semicondutores. Com o avanço da inteligência artificial, o setor passou a ganhar mais importância no mercado e empresas como Arm e Nvidia multiplicaram seus valores de mercado.
No mês passado, uma reportagem do The Wall Street Journal informou que Altman tem a ambição de captar entre US$ 5 trilhões e US$ 7 trilhões para “remodelar a indústria de semicondutores”. Para efeito de comparação, o Produto Interno Bruto do Brasil em 2023 foi de US$ 2,17 trilhões.
Um novo aporte também pode ser importante para aliviar as finanças da OpenAI. Em sua conta no X, Altman escreveu na semana passada que construir infraestrutura de inteligência artificial em grande escala e uma cadeia de abastecimento resiliente “é crucial para a competitividade econômica”.
A OpenAI não abre seus dados financeiros, mas a companhia reportou que teve receita de US$ 2 bilhões em 2023. A companhia já recebeu US$ 13 bilhões em investimentos da Microsoft e de gestoras como Thrive Capital, Sequoia Capital, Tiger Global Management e Andreessen Horowitz.
A Temasek não é a única gestora que está em conversas com a OpenAI. Altman se encontrou nos últimos com investidores do Oriente Médio, incluindo o xeque Tahnoon bin Zayed al-Nahyan, umas das pessoas mais ricas e influentes de Abu Dhabi. Outro potencial investidor do negócio é o SoftBank.
No caso da Temasek, a gestora de Cingapura já deixou claro que pretende investir em mais negócios de inteligência artificial. Alguns investimentos feitos nesta linha nos últimos meses foram nas companhias Robin AI, do Reino Unido; Rebellions, da Coreia do Sul, e d-Matrix, dos Estados Unidos.
Disputa com Musk
Ao mesmo tempo em que conversa com investidores endinheirados, a OpenAI precisa também discutir sua relação com outro bilionário. No caso, Elon Musk. O fundador da Tesla e da SpaceX acusa a OpenAI e Altman de violação de contrato.
Musk culpa a companhia de priorizar os lucros que serão obtidos com o ChatGPT em relação ao bem público que poderia ser obtido com o desenvolvimento da inteligência artificial. Para Musk, a OpenAI está violando seu dever fiduciário e operando com práticas comerciais desleais.
Musk é um dos fundadores da OpenAI, que foi criada em 2015. O bilionário afirma ter doado pelo menos US$ 44 milhões para a construção do negócio. Assim, o processo se deve a uma quebra de contrato firmado com um dos fundadores da operação – mesmo que Musk já não esteja mais envolvido no negócio e inclusive já lançou sua própria concorrente para a OpenAI.
O bilionário sul-africano alega que o acordo fundador da empresa foi quebrado no momento da aproximação da companhia com a Microsoft, sua principal investidora.
No processo judicial, Musk alega que: “sob nova direção, ela (a OpenAI) não está apenas desenvolvendo, mas realmente aprimorando (uma inteligência artificial) para maximizar os lucros da Microsoft em vez de benefício para a humanidade”.
Em conversa com especialistas do setor jurídico, a Reuters reportou que as acusações de Musk podem ser “frágeis”. Um dos especialistas afirma que as alegações não se sustentam pois são baseadas em e-mails trocados entre os fundadores e que não se assemelham com um contrato.