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Envasadoras de água não conseguem da alta demanda em meio às enchentes

Envasadoras de água não conseguem da alta demanda em meio às enchentes



Uma catástrofe da magnitude das enchentes que atingem o Rio Grande do Sul gera impactos além do âmbito social, atingindo, também, o setor econômico. Em tempos de crise, a população foi aos supermercados e esvaziou as prateleiras de água em diversos locais. Além do intuito solidário de doar os mantimentos aos afetados pelas chuvas, também se destaca a escolha de algumas pessoas por estocar o recurso em casa.

Com a demanda extremamente elevada, as empresas responsáveis pela produção e envasamento de água precisam se desdobrar para dar conta do recado. O problema, no entanto, é que elas também estão sendo afetadas pela tragédia em curso no Estado.

A queda de energia elétrica se soma aos bloqueios nas estradas e dificulta a logística para produzir e transportar as mercadorias. Situação que se agrava com as garrafas de todos os tamanhos cada vez mais escassas no comércio das regiões mais atingidas.

No caso da empresa Do Campo, a falta de energia elétrica na mineradora, localizada em Progresso, nos arredores de Lajeado, impede o funcionamento da fábrica. Sem previsão de retorno da luz, eles seguem parados. O sócio-diretor Paulo Ziviam explica como será a retomada das atividades, quando possível.

“Os colaboradores estão todos avisados que, no momento que retornar a energia, vamos tocar dois turnos na produção. Quanto às embalagens para o envasamento, temos um estoque regulador para 30 dias normais, mas acredito que com a demanda da enchente teremos cerca de 10 a 12 dias de matéria-prima”.

Ziviam ainda destaca que terá de arcar com um custo de frete acima do normal. Com cerca de 90% dos envios destinados a Porto Alegre, o empresário prevê um desvio de 200km na rota até o destino final.

Aqueles que contam com energia elétrica esbarram nos outros obstáculos. A D’Lucena relata dificuldades para regularizar as entregas por conta da falta de matéria-prima. Os problemas dentro da fábrica vão na contramão dos pedidos de supermercados e organizações que se movimentam para realizar doações em massa. Operando com apenas 50% da capacidade plena, o sócio-diretor da empresa, Volnei Rech, detalha o funcionamento na fábrica em Presidente Lucena, ao lado de Ivoti, durante as enchentes.

“Os pedidos estão 300% acima do normal, algo que nunca tínhamos visto. Tem muita gente atrás de doação também, cerca de 50% da nossa demanda acaba sendo destinada a Porto Alegre por esses compradores, direto para a Defesa Civil”. Com frota própria de caminhões, Rech ainda explica que o envio para supermercados é diferente. “Na Capital não estamos conseguindo chegar, atendemos mais a região de Novo Hamburgo, Sapiranga e Estância Velha. Também temos muitos clientes em Eldorado, que está impossível de acessar”. A previsão é de que a produção normalize em uma semana.

Entre vendas e doações, negócios que não costumam destinar sua mercadoria para os locais atingidos pelas cheias também passam por dificuldades para lidar com os pedidos. A Santo Anjo, localizada em Três Cachoeiras, abastece o litoral, utilizado como rota de fuga pela população nos últimos dias.

A empresa teve o estoque reduzido a quase zero pela compra de água direto da fábrica, vendendo as garrafas abaixo do preço de custo. Com o deslocamento em massa às praias do Estado, o diretor Tiago Borges fala sobre a drástica mudança na produção. “Estamos lutando contra o tempo para abastecer o estoque nos mercados e, como cerca de 10 das 40 fontes do Estado estão inoperantes, seja por falta de acesso ou eletricidade, a situação está um caos”.

Como a exigência por água deve se manter em alta ao longo do mês de maio, a perspectiva dos diretores é que o cenário fique mais equilibrado a partir da queda dos bloqueios nas estradas, que facilitam o transporte de matéria-prima e o acesso a fontes inoperantes.



Fonte: Jornal do Comércio

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