O chefe da expedição era o botânico austríaco Richard Wettstein, que levou os indígenas guaranis Joaquim Bento, nascido em São João Batista do Rio Verde, e Samuel Américo dos Santos, nascido em Rio Preto, ambos da terra indígena do bananal de Peruíbe, até a cidade de São Paulo para que fossem feitas as gravações em discos de metal.
Infelizmente, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), os negativos originais dessas gravações foram perdidos. No entanto, através de cópias em discos de cera, pesquisadores europeus conseguiram resgatar o valioso arquivo. Anos depois, em 1999, a Academia de Ciências da Áustria digitalizou todo o acervo e publicou em dois CDs intitulado The First Expeditions 1901 to Croatia, Brazil, and the lsle of Lesbos, preservando o patrimônio histórico e cultural.
Recentemente, o acesso a esses registros históricos foi concedido ao Governo do Estado de São Paulo por pesquisadores na cidade de Vienna, na Áustria. O convite foi feito à Secretaria da Justiça e Cidadania e à Coordenadoria de Políticas para os Povos Indígenas (CPPI), que realiza uma missão na Europa voltada às questões dos povos indígenas paulistas.
Desde 1° de maio, o projeto de pesquisa intitulado Diálogos simétricos: educação, culturas e territorialidades, participa de uma série de agendas, com palestras, seminários, visitas técnicas e reuniões na República Tcheca (Brno), na Áustria (Viena) e na Itália (Perúgia). Os encontros continuam até 8 de maio.
A Embaixada do Brasil na Áustria se dispôs a adquirir o material e doar à Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e à ONG Kamuri. Esse episódio é um marco na preservação da diversidade linguística brasileira e mostra a importância de investir em iniciativas que registrem e protejam as línguas dos nossos povos originários, garantindo que as vozes do passado continuem ecoando.