Uma das marcas gaúchas mais populares de alfajores que teve a fábrica arrasada pela inundação na Zona Norte de Porto Alegre conseguiu pagar os salários de maio dos 60 funcionários com o dinheiro de uma campanha de pré-venda do produto. Sem máquinas e com quase R$ 1,8 milhão de prejuízo na cheia, a Odara arrecadou mais de R$ 300 mil a encomendas para 2,5 mil pessoas.
Entraram no caixa cerca de R$ 300 mil da ação “Um novo horizonte Odara”, decisivos para cobrir a conta de R$ 350 mil. Aliviados com o resultado e a folha quitada, o fundador da Odara, Jeison Scheid, confessa que não esperava tanta adesão:
“Sempre sentimos que a marca era bem quista, mas não imaginávamos tanto apoio”, confessa Scheid, feliz pela ajuda e já acelerando a estratégia para retomar a produção e priorizar a entrega dos 30 mil alfajores da pré-venda.
Se tivesse a condição da produção pré-enchente, a marca atenderia o pedido que salvou a folha de salários em três horas: “Nossa capacidade produtiva era de 10 mil alfajores por hora”, conta o fundador.
Mas a intenção é antecipar a promessa feita de entregar em agosto a pré-venda. Scheid informa que já está vendo uma alternativa de maquinário para produzir em julho, enquanto reconstroem a fábrica. “Trabalhamos feito bicho para limpar tudo. Todo mundo pegou junto”, valoriza o empreendedor. E olha que as dificuldades foram de toda sorte. A água tomou conta de acessos, e eles tiveram de usar bote para chegar à sede.
Do período anterior ao 4 de maio, quando a água subiu, os donos e funcionários encontraram embalagens em meio a muito barro e lama. Os prejuízos somam até agora R$ 1,8 milhão, considerando apenas estoques, sem contabilizar equipamentos e produção que para e gera ruptura em ponto de venda.
Só em chocolate para cobertura, a fábrica perdeu R$ 600 mil; em embalagens foram mais R$ 580 mil, em biscoitos outros R$ 266 mil, R$ 230 mil em doce de leite e outros recheios e R$ 104,2 mil em produtos prontos.
A Odara foi criada em 2013 por Scheid como forma de ter renda no veraneio em Santa Catarina. O fundador diz que a marca está em mais de 5 mil pontos de venda situados no Rio Grande do Sul, em São Paulo, em Santa Catarina e no Espírito Santo.
O caso dos Alfajores Odara não é único na saga de retomada. Dois desafios rondam negócios arrasados pelas cheias de maio: voltar a funcionar depois de ter tudo comprometido e pagar os salários.