O plenário do Senado aprovou na tarde desta terça-feira 8 a indicação de Gabriel Galípolo para substituir Roberto Campos Neto na presidência do Banco Central a partir de 2025. O placar foi de 66 votos favoráveis e 5 contrários, bem acima do mínimo de 41 votos necessários.
Horas antes, Galípolo também passou sem sobressaltos por uma sabatina e uma votação na Comissão de Assuntos Econômicos: foram 26 votos favoráveis e nenhum contrário.
Desde junho de 2023, o economista comanda a diretoria de Política Monetária do BC, anteriormente a cargo de Bruno Serra Fernandes. Galípolo, de 42 anos, assumirá o comando do BC no início de 2025, quando terminará o mandato do atual presidente – Campos Neto está no cargo desde 28 de fevereiro de 2019, indicado pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL).
Galípolo integrou o governo de transição, no Grupo de Trabalho da Infraestrutura, e assumiu no início de 2023 a secretaria-executiva do Ministério da Fazenda.
Formado em Ciências Econômicas e mestre em Economia Política pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, foi pesquisador-sênior do Centro Brasileiro de Relações Internacionais e presidente do Banco Fator de 2017 a 2021.
No currículo, ainda ostenta o posto de chefe da Assessoria Econômica da Secretaria de Transportes Metropolitanos do estado de São Paulo, em 2007, e o de diretor da Unidade de Estruturação de Projetos da Secretaria de Economia e Planejamento paulista, no ano seguinte.
Ao longo da campanha eleitoral de 2022, Galípolo foi uma peça-chave na estratégia do PT de reduzir a resistência a Lula no mercado financeiro. Em alguns eventos no período, foi visto como uma espécie de porta-voz da candidatura lulista.
Antes, foi sócio do economista e consultor editorial de CartaCapital Luiz Gonzaga Beluzzo, com quem escreveu três livros: Manda quem pode, obedece quem tem prejuízo, de 2017; A escassez na abundância capitalista”, de 2019; e Dinheiro: o poder da abstração real, de 2021.
Desde o início de seu terceiro mandato, Lula profere críticas contundentes a Campos Neto e à atual condução da política monetária. Há dúvidas sobre qual será a postura do presidente a partir da posse de Galípolo, uma vez que se trata de um indicado de seu governo. Este é um dos principais pontos de interrogação sobre a futura gestão.
Lula tornou a criticar nesta terça a Selic, exatamente no momento em que a CAE do Senado sabatinava Galípolo. Segundo o petista, “a taxa de juros ainda é a mais alta, mas ela haverá de ceder”.