O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou nesta terça-feira 7 que o governo Lula (PT) precisa mudar os rumos de sua comunicação com o mercado e a sociedade, mas ponderou ter havido um exagero em relação às perspectivas da economia brasileira.
As declarações ocorrem à luz das negociações sobre uma troca no comando da Secretaria de Comunicação da Presidência, hoje sob a batuta de Paulo Pimenta (PT). Sidônio Palmeira, publicitário que comandou a campanha de Lula em 2022, deve ser anunciado para o posto nos próximos dias.
“Temos que nos comunicar melhor. Venho dizendo isso há muito tempo. O governo tem que ser muito coerente e muito resoluto na sua comunicação. Não podemos deixar brecha para os resultados que queremos atingir“, afirmou Haddad em entrevista à GloboNews. “Precisamos nos comunicar melhor. O mercado está muito sensível no mundo inteiro, não é uma situação normal.”
Nas últimas semanas de 2024, o mercado financeiro reagiu negativamente a anúncios do governo Lula, como o do pacote de corte de gastos. Questionado sobre um novo plano de ajuste fiscal, o ministro da Fazenda disse ser preciso aprovar o Orçamento deste ano e adaptá-lo às propostas já chanceladas pelo Congresso Nacional.
“[Com isso] teremos mais liberdade para contingenciar, executar o Orçamento da forma mais adequada ao longo do exercício, para fazer projeções em relação aos programas sociais, com as alterações que o Congresso aprovou”, explicou Haddad. “Tem uma série de sutilezas que podem parecer pequenas, mas para quem está executando o Orçamento está fazendo muita diferença.”
Déficit de 1% em 2024
Haddad afirmou ainda que o déficit primário do Brasil em 2024 ficará em 0,1% e que o crescimento do Produto Interno Bruto será de 3,6%. Os dados não consideram os gastos com a tragédia do Rio Grande do Sul.
“Um ano atrás, a previsão do mercado era de 0,8% do PIB. Vamos nos lembrar que era antes do episódio trágico do RS, que consumiu 0,27% do PIB para atender a população. Era 0,8%, vamos terminar o ano com 0,1% do PIB”, disse o chefe da equipe econômica.