A pesquisa foi liderada pelo oncologista da Oncoclínicas&Co, Paulo Bergerot, que também é representante da América Latina na recém-formada Sociedade Internacional de Oncologia do Exercício. Os resultados evidenciaram que pacientes com mais de 65 anos e sob tratamento oncológico tiveram melhora na qualidade de vida e alívio de alguns efeitos colaterais dos medicamentos de imuno e quimioterapia após 12 semanas cumprindo uma rotina de atividade física moderada.
“A grande mensagem desse estudo é que o paciente em tratamento oncológico deve ficar ativo. Não existe mais essa história de manter o paciente resguardado, economizando energia por causa do tratamento. É exatamente o contrário”, afirma Bergerot.
Rotina personalizada
Todos os 41 participantes do estudo tinham mais de 65 anos e tratavam cânceres de estágios 3 ou 4, considerados avançados ou metastáticos. Além disso, eram pacientes que estavam começando uma linha de tratamento sistêmico, ou seja, com medicamentos – quimioterapia ou imunoterapia, de um modo geral.
“Para qualquer pessoa a gente sabe que é difícil a adesão e a continuidade na atividade física. Para o paciente com câncer é mais desafiador ainda, e se for idoso é uma missão quase impossível”, comenta Bergerot. Para driblar essa barreira, os pesquisadores apostaram em uma estratégia personalizada, em que cada participante tinha a própria rotina de exercícios.
As atividades foram estipuladas por um educador físico, que considerou o quadro clínico de cada paciente e sua realidade no cotidiano, como o uso de acessórios que eles dispunham nas próprias casas. Ao fim das 12 semanas, os participantes apresentaram uma melhora na qualidade de vida de cerca de 10 pontos na escala FACT-G. O método considera a percepção de bem-estar físico, social e familiar, emocional e funcional em uma régua que vai de 0 a 108 pontos. Além disso, a prática física também se mostrou capaz de atenuar alguns dos sintomas do câncer e dos efeitos colaterais comuns no tratamento da doença.