Quando entrei na USP em 1972, nós, estudantes negros, não enchíamos uma Kombi. Agora, ver um auditório lotado só de mestres e doutores negros é um escândalo, uma satisfação imensa”, afirmou a filósofa Sueli Carneiro, durante encontro realizado pelos alunos do Programa de Pós-Doutorado para Pesquisadores Negros da USP. Defendeu, porém, a adoção de políticas afirmativas para mudar o perfil do corpo docente, composto majoritariamente por pessoas brancas. Sem garantir reais oportunidades de crescimento na carreira, emenda Carneiro, a equidade jamais será alcançada.
O debate na sede do Instituto de Estudos Avançados da USP, na segunda-feira 27, foi organizado por um coletivo de bolsistas da Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento (PRIP), a primeira turma de um edital de pós-doutorado reservado exclusivamente para pesquisadores negros. Primeira e talvez a única, temem os estudantes, pois não há qualquer sinalização de que o programa, previsto para acabar em junho, será renovado pela universidade.