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Sob o azul-celeste de Sorrento, uma villa renovada pelo escritório Architetti Artigiani Anonimi reflete o charme do sul da Itália Não é de estranhar que Stefano Massa mergulhe frequentemente nas águas do Mar Mediterrâneo em pleno outono europeu. A temperatura em torno de 24°C é efeito do fenômeno climático conhecido como Verão de São Martinho, veranico que antecede a chegada do inverno no continente. “São apenas cinco minutos até chegar à nossa praia particular para que eu me despeça do calor”, conta o empresário italiano, proprietário de uma residência em Sorrento, a 20 km da Costa Amalfitana, no sul da Itália. O perfume dos pomares de limão e laranja e a vista deslumbrante para o Golfo de Nápoles foram os elementos primordiais para que ele se estabelecesse na pequena cidade onde moravam os avós paternos, na encosta da Riviera de Massa: uma villa de estilo mediterrâneo, com concreto armado e amplas janelas, em um terreno de mais de mil m².
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No living, poltronas de Janine Abraham e Dirk Jan Rol, mesa de apoio design Berthold Müller-Oerlinghausen para a Mosaik-Werkstätten, luminária de piso da Stilnovo e pendente de Oscar Torlasco, ambos adquiridos em antiquário – sobre a lareira, obra de Piera Mautone, feita com pastilhas de cerâmica
Filippo Bamberghi
Convencer os antigos proprietários a vender não foi tarefa fácil, mas, com a pandemia e o baixo fluxo de turistas, eles cederam ao cortejo imobiliário. Com as chaves na mão, Stefano não pensou duas vezes ao encarregar a arquiteta Annarita Aversa a tocar a obra. “Havíamos trabalhado juntos em uma reforma em Amalfi, a poucos quilômetros de Sorrento”, relembra a profissional, que comanda o escritório Architetti Artigiani Anonimi, em Milão. “A prioridade nessa renovação era entregar um espaço familiar funcional, com design contemporâneo e diálogo do interior com o exterior”, complementa. A inspiração principal para o projeto, que ficou pronto em dezembro do ano passado, veio do prédio vizinho, um ícone: o hotel Parco dei Principi, desenhado pelo arquiteto Gio Ponti, em 1960.
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O banheiro da suíte principal tem vista para o Golfo de Nápoles
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Em outro canto do living, sofás Marechiaro System, design Mario Marenco para a Arflex, tela de Giuseppe Di Costanzo e vaso de Alessandro Mautone (à dir.)
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A casa de 450 m² e três andares passou por uma transformação total, incluindo as instalações elétricas e hidráulicas. Somente a fachada foi preservada, respeitando a arquitetura mediterrânea dos anos 1950. “A protagonista indiscutível é a escada que leva ao segundo andar e ao terraço”, explica Annarita, que se valeu do conceito open space para acomodar as salas de jantar e estar, a cozinha, o escritório e dois banheiros. As janelas de madeira iroko foram recuperadas e as amplas portas de vidro criaram uma conexão contínua entre o living e o jardim.
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Na sala de jantar, mesa com tampo de madeira e base de estuque – sobre ela, vaso design Ettore Sottsass para a Bitossi –, cadeiras Pelleossa, design Francesco Faccin para a Miniforms, e trio de luminárias de Gio Ponti, arrematado em leilão
Filippo Bamberghi
A escada de madeira que leva ao terraço contrasta com o piso de cerâmica vietrese
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Uma das exigências de Stefano foi a utilização de matérias primas do território e peças artesanais – ideia compartilhada por Annarita –, o que levou ao piso de cerâmica em tom verde celadon, que reveste o vão da área social, e aos azulejos inspirados em um desenho do artista local Guido Gambone, nas paredes da cozinha. A praticidade e a fluidez entre os ambientes se estendem às quatro suítes do andar superior, que acomodam o casal e os três filhos, com idades que variam de 6 a 25 anos. A mulher de Stefano, Teresa, foi privilegiada com uma das melhores vistas da residência. “Ela é a única que tem uma janela no banheiro que emoldura o Golfo de Nápoles”, brinca o marido.
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Na cozinha, banqueta Zampa, design Jasper Morrison para a Mattiazzi, diante dos azulejos produzidos em Vietri sul Mare, com referência a desenhos de Guido Gambone
Filippo Bamberghi
No spa, o micromosaico de eco glass preenche as paredes – ao fundo, azulejos desenhados por Sandro Mautone, inspirados nas termas romanas
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As paredes brancas de estuque ganharam obras de arte escolhidas a quatro mãos, entre os muitos móveis produzidos exclusivamente para a propriedade. “O branco serve de pano de fundo para ressaltar os complementos em nuances de rosa, cúrcuma e laranja”, descreve Annarita. Na parte subterrânea, há um spa feito gruta romana, com mosaicos de cerâmica, onde foi instalado um banho turco e uma banheira de hidromassagem.
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Na suíte de um dos filhos, prevalecem os tons de cúrcuma e azul dos tecidos de Chiarastella Cattana, junto da serigrafia La Volpe (1965, reedição de 2021), de Enzo Mari, e do elefantinho Eames Elephant, design Charles & Ray Eames para a Vitra
Filippo Bamberghi
Do jardim avista-se o Mar Mediterrâneo
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No terraço da villa, despontam aromas, sabores e a beleza natural da península, sob o azul celeste do céu de Sorrento, reproduzido na cerâmica artesanal que ocupa todo o espaço. Tal panorama paradisíaco ainda pode ser admirado do jardim, com seis oliveiras centenárias e piso de pedra calcária, onde Stefano instalou um forno de pizza. “Se há um lugar para chamar de lar, é este”, sorri o dono da casa, admirando a imponência do Monte Vesúvio, símbolo de sua dolce vita mediterrânea.
*Matéria originalmente publicada na edição de novembro/2024 da Casa Vogue (CV 467), disponível em versão impressa, na nossa loja virtual, e para assinantes no app Globo Mais.
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Fonte: casa Vogue
