O Supremo Tribunal Federal decidiu, no final da noite desta sexta-feira 22, tornar pública a ata da audiência que colheu um novo depoimento do tenente-coronel Mauro Cid. A oitiva foi realizada no início da tarde e terminou com a prisão do ex-ajudante de ordens do Jair Bolsonaro (PL).
Cid foi preso por ordem de Moraes, que entendeu que o militar descumpriu medidas cautelares ao conversar sobre os termos da delação premiada com interlocutores que não têm acesso ao material. Uma das comprovações da quebra da cautelar foi revelada em um áudio de Cid divulgado pela revista Veja na quinta-feira.
Na gravação, Cid indica ter sido coagido por policias a fechar a delação. Diz ainda que os agentes teriam uma ‘narrativa pronta’ no caso e faz duras críticas a Alexandre de Moraes e à atuação do Supremo Tribunal Federal.
Na ata divulgada pelo tribunal, é possível ler que Cid confirmou a autenticidade do áudio, mas alega se tratar apenas de um desabafo causado pelo isolamento após avanço das investigações. Ele se negou a dizer quem era o interlocutor das reclamações.
No depoimento, Cid confirma ainda a vontade de manter o acordo de colaboração com a Justiça e reforça todas as afirmações que fez aos policiais nos demais depoimentos. Ele nega coação e afasta a tese de que os policiais tinham uma ‘narrativa pronta’ na investigação. Nesse caso, Cid diz ter usado o termo para se referir a ‘linha de investigação’, argumenta que os agentes queriam confirmar pontos levantados por outros investigados com ele.
“Eles tinham outra linha de investigação e a versão dos fatos era outra. Ele [Cid] explicava como tinha ocorrido. Os policiais traziam os fatos na forma como estavam investigando”, disse Cid ao STF nesta sexta. “O delegado disse que [me] ouviu por último para fechar o quebra-cabeça. […] Ele foi ‘fechar’ os buracos na linha de investigação”, reforça o tenente-coronel no depoimento.
A oitiva, como citado, terminou com a prisão de Cid, que foi alvo de nova busca e apreensão. Ainda há possibilidade de que a colaboração do militar seja anulada. Na visão de juristas consultados por CartaCapital, a anulação dos termos do acordo não invalidaria as provas obtidas até aqui a partir dos relatos.
Leia abaixo a íntegra da oitiva de Mauro Cid antes de ser preso:
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