A residência histórica de estilo helenístico, no litoral sul da França, esconde em seu interior um apartamento que mais parece um destino de férias no Olimpo Villa Primavera. Esse foi o nome dado à casa de veraneio de Alphonse Lenoir, publicitário abastado que encarregou o arquiteto Arthur Demerlé (1868-1953) de realizar seu sonho de uma morada na Côte d’Azur, no litoral sul da França – região conhecida também como Riviera Francesa. Mais de um século depois, é Vanessa Margowski, apaixonada por arte e cofundadora da Joya – feira especializada em joias e pedras preciosas –, quem vê um desejo dela e do marido se tornar realidade: transformar um capricho arquitetônico do início do séc. 20, dividido desde a década de 1950 em apartamentos, no abrigo ideal para seu acervo eclético e sofisticado.
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A escultura After Nature, de Mark Handforth, adorna uma parede do quarto
Ricardo Labougle
A varanda voltada para o mar, com móveis dos anos 1930, tem vista para a Baía de Cap-d’Ail e Saint-Jean-Cap-Ferrat
Ricardo Labougle
Quando entramos pela primeira vez, ficamos boquiabertos. Não tínhamos dúvida de que se tornaria um projeto de vida
Ao cruzar a soleira do imóvel imponente de 240 m², com dois quartos, começa a viagem para uma época na qual a celebração do Mediterrâneo e de seus mitos clássicos ecoa o mar infinito a seus pés. As colunas dóricas que recebem o visitante desde a entrada são um prólogo arquitetônico de mármore Atika cinza (o mesmo do Partenon de Atenas), que convida a observar o horizonte azul estendido diante dos olhos de quem entra. A visão se completa com a obra do decorador e pintor da época Jules Wielhorski (1875-1961), autor da ornamentação marcadamente art nouveau que reveste as paredes. Cenas inspiradas na iconografia de jarros e vasos da Grécia antiga narram, por meio de murais, frisos de mármore e pisos de mosaico, os mitos de Atena e Dionísio, e os poemas da Ilíada e da Odisseia.
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No living, sofá design Carlo Scarpa para a Gavina e dupla de luminárias de piso Pascal, de Vico Magistretti
Ricardo Labougle
No hall de entrada convertido em sala de leitura e de jantar, cadeiras de Josef Hoffmann rodeiam mesa design Carlo Scarpa para a Gavina – sobre ela, escultura Sirène, de Jean Mayodon, e porta-objetos de Ettore Sottsass
Ricardo Labougle
“Quando entramos pela primeira vez, ficamos boquiabertos. Não tínhamos dúvida de que se tornaria um projeto de vida”, conta a dona da casa. “Não é fácil se apropriar de um lugar tão cheio de história e com características tão distintas. Para nós, foi um exercício de estilo. Ao mesmo tempo, o processo nos ajudou a enxergar o design de uma outra forma, não mais como objetos individuais, mas como parte de uma decoração funcional de acordo com nossas necessidades, que é, ademais, a base para a criação de uma nova história, de um todo.”
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A proprietária, Vanessa Margowski, com seu carro Vanden Plas Princess, do final dos anos 1960, na entrada da Villa Primavera
Ricardo Labougle
Esculturas de Sam Falls sobre a lareira do living
Ricardo Labougle
Outro detalhe do mesmo ambiente traz objetos de malaquita e vaso de Paolo De Poli, sobre aparador design Luigi Caccia Dominioni para a Azucena
Ricardo Labougle
O casal estava à altura da missão: a partir do repertório de peças acumuladas ao longo de anos, criaram combinações inusitadas feitas com personalidade e talento inato para a cenografia. Livre das amarras dos espaços preexistentes, o mobiliário se apresenta como elemento de ruptura, mas também de diálogo. Essa é uma conversa entre as geometrias dos meandros das paredes, as tesselas do piso e as linhas sinuosas das cadeiras, entre complementos pós-modernos e as formas mais rígidas do movimento racionalista.
Para nós foi um exercício de estilo. Ao mesmo tempo, o processo nos ajudou a enxergar o design de uma outra forma
No quarto, vaso-escultura de Andrea Branzi
Ricardo Labougle
No hall de entrada, mesa lateral design Ignazio Gardella para a Azucena, vaso da Venini e escultura de Tritão de Jean Mayodon
Ricardo Labougle
Caminhando de um cômodo para outro, cartões-postais se sucedem e o fluxo entre os ambientes, potencializado pelas grandes portas sempre abertas, cria cenas cotidianas em que nada é por acaso. O resultado é uma cacofonia inebriante de silhuetas e épocas que sugere uma leitura atualizada do local. Móveis de Carlo Scarpa, Luigi Caccia Dominioni, Josef Hoffmann, Philippe Starck, Kazuhide Takahama e Ettore Sottsass animam cada canto, junto da mesa laqueada dos anos 1950 do Japão e da espreguiçadeira africana rudimentar da tribo Senufo. Aparadores, mesas, mesinhas de apoio e lareiras se transformam em expositores improvisados para pequenas decorações, que têm como protagonistas esculturas de bronze, objetos de vidro, vasos, caixas de malaquita e outros materiais preciosos.
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No quarto, as luminárias vintage ao lado da cama são de Mariano Fortuny e, sobre a lareira, figuram dois vasos-esculturas de Andrea Branzi, mesmo autor da escultura do bailarino que “dança” sobre a mesa de Ettore Sottsass – na parede (à dir.), escultura After Nature, de Mark Handforth
Ricardo Labougle
No living, aparador vintage MB3 (ao fundo, à esq.), design Luigi Caccia Dominioni para a Azucena, espreguiçadeira da tribo Senufo, da Costa do Marfim (usada como mesa de centro), par de poltronas Wassily, design Marcel Breuer para a Gavina, e cadeira e luminária de piso (ao fundo, à dir.) design Kazuhide Takahama para a Gavina
Ricardo Labougle
Já os livros abundam por toda parte, apoiados aqui e ali, animando as diferentes superfícies e proporcionando aos anfitriões horas de leitura acompanhadas pelo canto das andorinhas. A cereja do bolo vem na forma de diversas obras de artistas atuais – de Andrea Branzi a Luigi Ghirri, passando por Mark Handforth e Sam Falls. Neste reduto único, rodeado pela natureza exuberante de Cap-d’Ail, arte, design e história se unem para conceber um lar culto e contemporâneo.
*Matéria originalmente publicada na edição de novembro/2024 da Casa Vogue (CV 467), disponível em versão impressa, na nossa loja virtual, e para assinantes no app Globo Mais.
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Fonte: casa Vogue
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