O pré-candidato do PRTB à prefeitura de São Paulo (SP), Pablo Marçal, fez uma “profecia”, nesta quarta-feira (10), sobre a campanha eleitoral deste ano. De acordo com o empresário e influenciador digital, o prefeito Ricardo Nunes (MDB), que disputará a reeleição em outubro, fará uma troca em sua chapa e substituirá o atual pré-candidato a vice, o que acarretará na perda do apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Em meados de junho, Nunes confirmou o nome do ex-coronel da Polícia Militar e ex-comandante da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) Ricardo Mello Araújo (PL) como vice em sua chapa, atendendo a uma reivindicação pessoal de Bolsonaro.
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Para Marçal, que tem boa relação com o ex-presidente e busca os votos do eleitorado bolsonarista, o vice de Nunes será substituído por uma mulher.
“Eu queria que o PL viesse [como apoiador de sua candidatura]. Pelo jeito… Eu vou falar aqui uma profecia eleitoral. O Nunes vai colocar uma mulher de vice porque o vice que ele colocou só está atrapalhando ele, e o Bolsonaro vai sair dessa campanha”, afirmou Marçal, em sabatina promovida pelo UOL e pelo jornal Folha de S.Paulo.
Questionado se tinha alguma informação a esse respeito, o pré-candidato do PRTB respondeu: “Não sei. É só uma profecia sobre o Nunes”.
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Marçal afirmou, ainda, que trabalhará para ter uma mulher como pré-candidata a vice em sua chapa, mas não quis revelar quais seriam os nomes mais cotados. “Meu desejo é que seja uma mulher”, despistou.
Em maio, a médica Nise Yamaguchi (União Brasil), também alinhada ao bolsonarismo, teria sido sondada pelo PRTB para ser vice na chapa de Marçal.
“Nunes nunca teve voto”
Na sabatina, Pablo Marçal criticou a administração de Ricardo Nunes em São Paulo e disse que o atual prefeito “nunca teve voto”.
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“O Nunes nunca teve voto para prefeito. Ele veio de um cargo de vice [de Bruno Covas, morto em 2021], é herdeiro. Ele vai experimentar a urna pela primeira vez”, afirmou.
“Ele [Nunes] está há 2 anos fazendo campanha e entregando um monte de obra. O eleitor do Bolsonaro é um eleitor que pensa e não é movido por essa paixão, não”, prosseguiu Marçal, garantindo que tem potencial para arregimentar o apoio de grande parte dos eleitores do ex-presidente.
O pré-candidato do PRTB disse que a eleição na capital paulista “não vai ter segundo turno” – dando a entender que ele tem todas as condições de vencer a disputa já no primeiro turno, em 6 de outubro.
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“Eu não estou pretendendo chegar ao segundo turno. Nós temos 8 milhões de eleitores e eu preciso de 3 milhões que querem ver o Brasil ir para frente”, projeta. Segundo Marçal, a prefeitura de São Paulo “é mais importante do que a Presidência da República”.
O empresário também afirmou que não usará recursos dos fundos eleitoral e partidário para sua campanha e garantiu que não vai desistir da candidatura.
“Eu não vou vender [a candidatura], eu não estou de palhaçada. E serei o próximo prefeito da cidade de São Paulo”, assegurou.
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Questionado sobre os motivos que o levaram a disputar a eleição na maior cidade do Brasil, Marçal citou o nome do deputado federal Ricardo Salles (PL) – preterido como candidato a prefeito pelo partido, que optou pelo apoio a Nunes.
“Eu percebi que o Salles, que tinha 18 pontos na pesquisa, foi sacado. Ele falava a mesma língua que eu. Por que o Valdemar [Costa Neto, presidente nacional do PL] fez isso?”, indagou.
“São tantas alianças que ninguém deixa que gente boa possa disputar. Se tivesse gente querendo de verdade tirar o povo da miséria, não com barganhas eleitoreiras, eu jamais iria mexer com isso”, explicou Marçal.
“Eu estou um pouco assustado porque São Paulo tem a África do Brasil. Tem pessoas enfiadas dentro do esgoto por 30 anos. Já passaram 3 governos do PT [Luiza Erundina, Marta Suplicy e Fernando Haddad] e esses governos de [João] Doria, [Bruno] Covas e [Ricardo] Nunes e não existe nenhuma melhoria na vida dessas pessoas”, criticou.
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Pedido do União Brasil “está caro demais”
Durante a sabatina, o pré-candidato do PRTB admitiu que vem conversando com lideranças do União Brasil, legenda que declarou apoio a Ricardo Nunes, mas que não está satisfeita pela escolha do prefeito por Mello Araújo como vice.
Marçal afirmou, no entanto, que neste momento as negociações com o partido estão travadas.
“O União, provavelmente, vai andar com a gente. Só não selou ainda porque está caro demais o pedido deles. Eu preciso crescer um pouquinho mais”, disse o empresário.
Indagado sobre o que o União Brasil estaria lhe pedindo, Marçal respondeu: “A minha alma. E eu não quero entregar isso”.
Nos bastidores, comenta-se que o União Brasil condiciona o apoio a Marçal a que o empresário apoie o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, na eleição presidencial de 2026.
“O Ronaldo é o meu amigo de muitos anos. Tem muitos anos. Caso o Bolsonaro não esteja elegível, eu já falei para ele… O apoio a ele está vinculado ao Bolsonaro continuar inelegível”, afirmou Marçal.
“Se eu crescer um pouco mais, vai ficar mais barato o que eles estão me pedindo. O que eles estão me pedindo, e a gente está toda hora reunido, não dá para revelar agora”, despistou.
Teleférico nas favelas
Uma das principais propostas que Marçal apresentou durante a sabatina é a construção de uma rede de teleféricos capazes de interligar as maiores favelas de São Paulo.
“Nós vamos fazer um cinturão interligando as comunidades. Vamos transformar as comunidades em polos turísticos e gastronômicos e vamos colocar um teleférico rasgando o céu de São Paulo”, disse o pré-candidato do PRTB.
“Em vez de se preocupar só com tarifa de ônibus, vamos colocar esse teleférico gratuito para os moradores e qualquer pessoa de fora vai pagar. Vamos criar um turismo nas favelas de São Paulo, que são mais seguras que o centro”, afirmou Marçal.
Questionado se já sabia quanto do orçamento teria de ser comprometido para um projeto dessa magnitude, Marçal respondeu: “Vai depender do tamanho do cinturão. Mais ou menos um gasto de R$ 50 milhões por quilômetro. Não tem freio, vai de 16km/h a 22 km/h sem parar”.
“Você imagina um cinturão de teleférico integrando as comunidades. O mundo inteiro vai querer aprender com a gente”, disse.
O empresário também foi perguntado se manteria a “tarifa zero” dos ônibus de São Paulo aos domingos, uma das principais bandeiras do governo de Ricardo Nunes.
“Qual é o benefício? Vou perguntar para o povo. O povo não quer ficar rodando a cidade de fim de semana, quer descanso”, disse Marçal.
Em seguida, no entanto, o pré-candidato indicou que pode manter a tarifa gratuita. “Se é um direito adquirido e está tudo certo, se é benefício para o povo… não está faltando dinheiro”, garantiu.
Bolsonaro x Lula
Pablo Marçal também fez considerações sobre a polarização da política nacional nos últimos anos entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Marçal foi questionado sobre o indiciamento de Bolsonaro, pela Polícia Federal (PF), no inquérito que investiga a suposta venda de joias dadas pela Arábia Saudita para o governo brasileiro.
A apuração da PF investiga o suposto desvio ou a tentativa de desvio de bens recebidos pelo governo do Brasil, com valor de mercado de cerca de R$ 6,8 milhões.
“A PF prendeu o Lula [em 2018], foi condenado em 3 instâncias por 9 juízes, cumpriu 580 dias de cadeia, alguém foi lá e descondenou ele. E todo mundo chama ele de inocente. Quem é a PF nisso? A PF é o ministro da Justiça, que está mandando”, criticou Marçal.
“Esse bombardeio da mídia em cima do Bolsonaro é porque está aumentando o gás, a gasolina, e tem um pacote querendo aumentar todo tipo de taxa e imposto, só que aí coloca o Bolsonaro na frente”, defendeu o pré-candidato do PRTB.
“Se o Bolsonaro tem acesso aos presentes, a maioria, que eu tive notícia, ele devolveu. O presente é dele. E uma declaração da Procuradoria-Geral da República e da Advocacia-Geral da União já falou [sic] que o presente é dele. Ele faz o que ele quiser com esse presente. Se ele não pode ficar com os presentes, é só devolver.”
De acordo com a mais recente pesquisa do Datafolha, divulgada na semana passada, Pablo Marçal aparece com 10% das intenções de voto, na quarta colocação, atrás de Ricardo Nunes, com 24%; Guilherme Boulos (PSOL), com 23%; e tecnicamente empatado com José Luiz Datena (PSDB), com 11%.