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Muitas pontes no RS devem ser reconstruídas em outro lugar, diz nº 2 dos Transportes

Muitas pontes no RS devem ser reconstruídas em outro lugar, diz nº 2 dos Transportes


O trabalho do Ministério dos Transportes será decisivo para a reconstrução do Rio Grande do Sul, devastado pela maior tragédia climática da história do estado. Mas ainda há um longo caminho a percorrer e enormes dificuldades técnicas a enfrentar. A avaliação é do secretário-executivo da pasta, George Santoro, que concedeu entrevista exclusiva ao InfoMoney.

O número 2 do ministério comandado por Renan Filho (MDB-AL) atualmente está nos EUA, cumprindo uma série de agendas em Nova York com executivos de construtoras, concessionárias e do mercado financeiro, além de empresários de diversos países, em busca de potenciais investimentos para o Brasil. O próprio Renan Filho lideraria a delegação brasileira no roadshow, mas permaneceu no Brasil para acompanhar de perto os desdobramentos da calamidade gaúcha.

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“Nós mandamos um grupo muito grande de servidores do Dnit [Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes] para acompanhar os acontecimentos no Rio Grande do Sul desde o início da crise. Temos dois diretores o tempo inteiro lá e mais uma equipe de pelo menos 15 engenheiros para fazer todos os levantamentos necessários”, afirma Santoro. “Isso sem contar as equipes que estão tocando a desobstrução das rodovias e a possibilidade de retomarmos a operação logística no estado. São mais de 600 pessoas trabalhando lá. O próprio ministro [Renan Filho] já foi duas vezes ao Rio Grande do Sul e está voltando nesta semana.”

De acordo com o secretário-executivo dos Transportes, os desafios para a plena recuperação do Rio Grande do Sul são complexos e, sob o ponto de vista operacional, vão além da simples reconstrução de estradas, rodovias e pontes.

Inicialmente, o foco é restabelecer o acesso em vias obstruídas. Depois, serão necessários estudos mais aprofundados, como o detalhamento hidrológico de determinadas regiões e, em muitos casos, a reconstrução de pontes em locais diferentes daqueles em que elas estavam.

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“Sabemos da gravidade da situação e da importância de voltarmos a dar acesso às equipes de socorro, à entrega de combustível, água e alimentos para as pessoas que estão desabrigadas. Estamos fazendo um grande esforço para que, o mais rápido possível, deixemos todas as vias em situação operacional. Tão logo as águas baixem, acreditamos que a gente consiga deixar a parte de rodovias em situação operacional. Vários pontos já estão recuperados, mas ainda temos um conjunto significativo de interrupções a enfrentar nas próximas semanas”, diz Santoro ao InfoMoney.

“Primeiramente, estamos colocando as vias operacionais, mesmo que precariamente em algumas situações, para funcionar, de modo que as pessoas possam ter acesso aos locais. Em um segundo momento, iniciamos a reconstrução daquilo que é mais fácil de resolver”, prossegue o secretário.

“Temos algumas situações mais complexas, como a reconstrução de taludes [planos de terrenos inclinados que garantem a estabilidade de um aterro], as encostas que caem, pontes que terão de mudar de localização. As cabeceiras foram completamente levadas, e a ponte não tem mais sentido de existir naquele local. Insistir com essas pontes naqueles pontos não faz sentido. Teremos de mudá-las de local. Esse é o momento em que teremos uma demora um pouco maior”, afirma Santoro.

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De acordo com o número 2 dos Transportes, um passo imprescindível nessa segunda etapa dos trabalhos será a avaliação sobre “novos traçados e estruturas mais resilientes” e apropriadas aos eventos climáticos extremos, cada vez mais frequentes no país.

“Quando você faz uma ponte, tem de olhar 100 anos para trás em termos de fluxo hidrológico em determinada região. Teremos de estudar isso em algumas situações para reposicionar esses ativos”, diz Santoro. “No primeiro momento, é recuperar a mobilidade. No segundo, é preparar esses ativos para essa situação de extremos climáticos que estamos vivendo.”

Custo ultrapassa R$ 1 bilhão

Na entrevista ao InfoMoney, George Santoro confirmou estimativas iniciais feitas pelo Ministério dos Transportes indicando que o investimento para a reconstrução dos trechos de estradas e rodovias federais destruídos pelas fortes chuvas no Rio Grande do Sul deve ultrapassar R$ 1 bilhão. A projeção havia sido divulgada pelo ministro Renan Filho no último dia 6.

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Entre as medidas já anunciadas pelo governo federal, estão uma Medida Provisória (MP) editada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que concede crédito extraordinário para destinar recursos financeiros federais ao custeio de despesas resultantes da tragédia no estado.

Esta é a primeira vez que o Ministério dos Transportes necessita de recursos emergenciais da União para arcar com despesas não previstas no orçamento da pasta. Para este ano, segundo o ministro Renan Filho, eram previstos investimentos de R$ 1,7 bilhão (de orçamento próprio) no Rio Grande do Sul, mas esse montante está sendo direcionado para “necessidades de curto prazo”.

“Estimamos em torno de R$ 1,2 bilhão em um primeiro momento. Já saiu uma MP autorizando o crédito extraordinário, que está em processamento, para darmos conta da recuperação das vias com segurança e agilidade, no tempo mais curto possível”, diz Santoro.

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A piora das condições meteorológicas no Rio Grande do Sul, especialmente desde o último fim de semana, vem dificultando o trabalho das equipes do Ministério dos Transportes, admite o secretário-executivo da pasta. “Com a volta das chuvas, é claro que esse trabalho foi dificultado, houve algumas interrupções. Alguns pontos que já estavam desobstruídos voltaram a ficar obstruídos”, lamentou.

Os números da tragédia

De acordo com o mais recente boletim da Defesa Civil gaúcha, divulgado na noite de terça-feira (14), o total de mortes desde o início das enchentes, no fim de abril, chegou a 149. As autoridades informaram, ainda, que o número de pessoas desaparecidas é de 112 até o momento. Há 806 feridos.

Segundo os dados da Defesa Civil do Rio Grande do Sul, o total de pessoas que tiveram de deixar suas residências ultrapassa 617,7 mil, das quais 79,4 mil estão em abrigos e 538,2 mil, em casas de amigos ou parentes.

Até agora, 446 dos 497 municípios do estado foram afetados, de alguma forma, pelas enchentes. Ao todo, são mais de 2,1 milhões de pessoas atingidas.





Fonte: Infomoney

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