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Não vivemos cenário de responsabilidade fiscal, diz analista sobre fala de Lula na TV

Não vivemos cenário de responsabilidade fiscal, diz analista sobre fala de Lula na TV


Em pronunciamento em rede nacional na noite deste domingo, 28, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um balanço de 18 meses de seu governo, iniciado em janeiro de 2023. Ele reforçou o que considerou avanços na economia. Entre outras coisas, disse que não abrirá mão da responsabilidade fiscal, falou que as exportações bateram recorde, elogiou a Petrobras (PETR4), mencionou a aprovação da reforma tributária, e afirmou que levará ao G-20 a proposta de taxação de super-ricos.

Para Sérgio Vale, economista-chefe da MB Asssociados, o tom do discurso foi de uma “peça de propaganda”, e o país não está vivendo um cenário de responsabilidade fiscal. “É uma peça de propaganda. De fato, as exportações foram recordes, e algum investimento começa a voltar, só que a gente não está vivendo muito bem um cenário de responsabilidade fiscal . Temos um déficit primário muito elevado e o risco de dívida pública é extremamente elevado”, avalia.

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O pronunciamento em rede nacional é o quarto em rádio e TV do atual mandato de Lula e ocorre dois dias após o lançamento da nova etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que terá uma seleção de R$ 41,2 bilhões a partir de propostas feitas pelos municípios.

As declarações ocorrem num momento nada favorável das contas públicas. No dia 22 deste mês, o governo anunciou um bloqueio de R$ 11,2 bilhões em despesas obrigatórias no Orçamento deste ano. Além disso, determinou o contingenciamento de R$ 3,8 bilhões para cumprir a meta fiscal zero. O bloqueio foi necessário para cobrir o aumento das despesas de R$ 11,3 bilhões, originária, entre outras, de despesas do Benefício de Prestação Continuada (BPC) e da Previdência.

Essas duas medidas evitaram que o governo viesse a ter um déficit de R$ 32,6 bilhões fora da meta. Se isso ocorresse, haveria descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Agora, o déficit estimado para 2014 é de R$ 28,8 bilhões.

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Veja a seguir trechos da entrevista do economista Sérgio Vale, em que ele analisa os principais pontos do pronunciamento de Lula:

Como o senhor avalia o pronunciamento do presidente Lula?

É uma peça de propaganda, em que apenas diz o que fez e trouxe nesse um ano e meio. De fato, as exportações foram recordes, algum investimento começa a voltar, e é um ganho o país estar voltando ao cenário internacional. Só que a gente não está vivendo muito bem um cenário de responsabilidade fiscal. Temos um déficit primário muito elevado e o risco de dívida pública é extremamente elevado, só perdendo para o período da pandemia por motivos óbvios. Ele [Lula] deixou o governo em 2010 com um crescimento forte, mas ele pula um longo período do governo Dilma [2011 a 2016], que deixou um estrago enorme na perspectiva de crescimento e teve impactos a longo prazo. É como se quem tivesse feito o estrago fossem os outros governos.

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O presidente destacou aumento real do salário mínimo.

De fato o salário mínimo teve um crescimento real, mas isso tem implicações importantes em relação à Previdência. [O presidente já declarou mais de uma vez que não pretende desatrelar do salário mínimo os benefícios da Previdência]. É um grande elemento de pressão dele na equipe econômica.

Lula elogiou o desempenho da Petrobras, dizendo que está produzindo mais e importando menos. Qual sua avaliação a respeito?

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Ele [Lula] não aborda que tipo de investimento será feito com esse dinheiro. Há a percepção de a Petrobras investir mais em refinaria nos próximos anos, o que já se mostrou equivocado.

A fala do presidente foi correta em relação à questão fiscal?

A fala do presidente não sinaliza o que de fato está ocorrendo na questão fiscal, a economia ainda é muito falha e tem dificuldades.

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O presidente ressaltou o avanço de novos mercados internacionais e disse que levará a questão da taxação dos super-ricos ao G20. O que acha disso?

Na política externa, houve uma melhora e o Brasil voltou de fato para o cenário internacional. O Lula sempre soube fazer isso e voltar a circular no mundo foi positivo. A proposta de levar a discussão da taxação dos super-ricos é válida, porém, a questão que fica é onde esses recursos serão empregados. Muitas vezes se fala em aumentar a taxação, mas que destino terá esse dinheiro.



Fonte: Infomoney

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