A população de Porto Alegre e Região Metropolitana deve estar preparada para um prolongamento do cenário atual da cheia do Guaíba. Na previsão mais otimista possível, o nível das águas do corpo hídrico só ficarão abaixo dos 5 metros em dois dias, dos 4 metros em uma semana e dos 3 metros, a cota de inundação, em 10 dias. A projeção é do diretor do Instituto de Pesquisa Hidráulicas (IPH), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Joel Goldenfum.
“Há uma tendência de que o Guaíba comece a recuar a partir de agora, mas de forma lenta. Caso não haja chuvas fortes ou ventos que represem o lago, podemos indicar um cenário em que ele seguirá variando entre 5m25cm e 5m até quinta-feira, depois siga baixando até os 4m entre segunda e terça que vem e, até o final da próxima semana, chegue a marca dos 3m e pare de invadir Porto Alegre”, explica.
Em 1941, na segunda maior enchente da história do lago, as águas do Guaíba ficaram 22 dias sobre o solo porto alegrense. Caso seja confirmado o cenário ideal previsto pelo IPH, o número atual seria de 15 dias, uma semana a menos.
Porém, o otimismo é confrontado com as previsões da MetSul Meteorologia para a próxima semana. De acordo com a empresa, há previsão de um novo episódio de instabilidade com risco de chuva excessiva no Rio Grande do Sul entre os dias 10 e 15 de maio. Essa precipitação afetaria, principalmente, Porto Alegre e as cabeceiras dos rios que desembocam no Guaíba.
“Caso tenhamos fortes chuvas na próxima semana, Guaíba pode voltar aos 5m”
Segundo Goldenfum, se essa previsão se confirmar, podemos voltar à estaca zero, com o Guaíba retornando aos incríveis 5m. “Nós nunca tratamos previsões meteorológicas após três dias como uma certeza, mas, caso realmente tenhamos essas chuvas, a tendência é que o Guaíba volte aos 5m e retarde ainda mais esse recuo”, destaca.
Até as 17h15min desta segunda, o Guaíba estava marcando 5,28m no Cais Mauá e as águas seguiam ocupando o Centro Histórico, Menino Deus, Cidade Baixa e outras regiões do município. Até então, o maior nível atingido foi 5,33m, no domingo.
Em curtíssimo prazo, o professor não dá tanta importância às variações do nível do lago que estão sendo divulgadas hora a hora pela Defesa Civil Municipal, pois, conforme explica, as águas naturalmente ondulam, sendo impossível perceber efetivas diferenças com poucos centímetros de alteração.
O principal alerta, neste momento, é para os municípios costeiros da Lagoa dos Patos, na Zona Sul do Estado. “O Guaíba escoa na Lagoa dos Patos. O nível dela já está aumentando e, da mesma maneira como ocorreu em 1941, é possível que, durante o recuo do lago na Capital, haja fortes enchentes em municípios da região Sul, como Pelotas e Rio Grande”, conclui.
Até então, o Sul era a região que menos tinha sido afetada pelas enchentes no Estado que, conforme a Defesa Civil gaúcha, já impactaram ao menos 873.275 pessoas em 364 dos 497 municípios do Rio Grande do Sul.