“Num ano em que se comemoram os 50 anos da democracia, a Casa da Arquitectura desafiou as curadoras a pensar em espaços modelo neste processo de construção da democratização. A dupla curatorial, que pela primeira vez está entregue a duas mulheres de gerações e percursos diferentes, respondeu de forma exemplar a este desafio de mostrar como os princípios de abril foram concretizados. A arquitetura foi um instrumento de concretização dos princípios da Democracia”, explica Nuno Sampaio, diretor executivo da Casa da Arquitectura, instituição responsável pela organização e produção do OHP.
Margarida Quintã e Teresa Novais explicam assim o conceito que orienta a edição deste ano: “O Open House Porto 2024 convida os visitantes a celebrar os cinquenta anos da democracia portuguesa. Se na revolução de 25 de abril de 1974 o povo português reivindicava “a paz, o pão, habitação, saúde e educação” [1], em 2024 queremos, por um lado, conhecer o que fomos capazes de alcançar, e por outro, identificar o que desejamos para o futuro. Hoje existem novas ideias de gestão da cidade para a tornar mais inclusiva, acessível e sustentável através de ações de regeneração urbana, da criação de redes de mobilidade ou da criação de estruturas ecológicas que visam melhorar a qualidade de vida dos cidadãos. São igualmente estas cidades em construção que queremos dar a conhecer. Propomos, assim, visitas a espaços de iniciativa pública, municipal, ou cooperativa, construídos nas últimas cinco décadas, que retratam as transformações operadas nos municípios da Maia, Matosinhos, Porto e Vila Nova de Gaia. O que queremos perguntar é: de que é que nós, portugueses, precisamos hoje para “termos liberdade a sério?”
Na companhia de especialistas e voluntários, as portas da arquitetura de iniciativa pública realizada nos últimos 50 anos abrem-se pelas quatro cidades Open House Porto. O roteiro é acompanhado pelos Programas Caleidoscópio e Plus que propõem um conjunto de atividades abertas e destinadas a todos os públicos. Todas as visitas e atividades são de participação gratuita.
O Open House Porto é organizado e produzido pela Casa da Arquitectura com a Parceria Estratégica dos Municípios da Maia, Matosinhos, Porto e Vila Nova de Gaia. É o único caso em todo o mundo em que quatro cidades se unem para o evento enquanto território único. Para tornar possível o Open House todos os anos, é fundamental o apoio dos voluntários. Procuramos voluntários a partir dos 16 anos com interesse pela arquitetura, pelo património construído e pela história das cidades da Maia, Matosinhos, Porto e Gaia com vontade de interação com o público.
Biografias
Teresa Novais
Licenciou-se pela Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto em 1991. No mesmo ano formou com Jorge Carvalho o atelier aNC Arquitectos. As suas obras têm obtido reconhecimento em prémios como a Menção Honrosa no Prémio João de Almada (2019), o Prémio da IX Bienal Ibero Americana de Arquitectura e Urbanismo (2014) e a Nomeação para o European Union Prize for Contemporary Architecture Mies van der Rohe Award (2011). O atelier aNC tem sido convidado para apresentar o seu trabalho em conferências em Portugal e no estrangeiro, e as suas obras têm sido publicadas em inúmeras publicações especializadas. Teresa Novais leciona com regularidade unidades curriculares de projeto e participa igualmente em sessões críticas de avaliações de projeto em diversas escolas de arquitetura nacionais e europeias. Foi presidente do Conselho Diretivo da OASRN (2008|2010), e vogal corresponsável pelo pelouro da Cultura da OASRN (2005|2007). Atualmente é delegada no Conselho dos Delegados da Ordem dos Arquitectos. É cocuradora do programa “Mais do que Casas”, uma iniciativa da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto de celebração do 50.º aniversário do 25 de abril de 1974.
Margarida Quintã
Licenciou-se pela Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (2007) e doutorou-se com Distinção e Louvor no Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa e na École Polytechnique Fédérale de Lausanne (2019). Exerce arquitetura em parceria com o Luís Ribeiro da Silva no estúdio de arquitetura ursa, no Porto, olhando para a arquitetura como uma forma de conhecimento e para a sua prática como a identificação, formulação, e resolução de problemas afetos à condição humana. Margarida Quintã e Luís Ribeiro da Silva foram vencedores do Prémio Távora em 2019.
[1] Refrão da canção de intervenção “Liberdade” da autoria de Sérgio Godinho, 1974.