Os desafios do novo aeroporto: Ordem dos Arquitectos apresentou a ministro das Infraestruturas Plano 2034.
Este é um contributo para que o País consiga dar a resposta adequada à maior intervenção transformadora do território em Portugal e de enorme relevância na Península Ibérica. Arquitectos defendem uma estratégia de atuação que envolva especialistas, universidades e centros de investigação
Na próxima década, Portugal vai enfrentar o desafio da maior intervenção de desenho urbano e de transformação territorial de que há memória. Só a construção de uma nova cidade aeroportuária, em Alcochete, e o desmantelamento do atual Aeroporto Humberto Delgado implicam uma intervenção em 50 km2 – uma área que corresponde a metade do perímetro de Lisboa e que é superior aos 42km2 do Porto. Acrescem ainda o projeto da Terceira Travessia sobre o Tejo com a Alta Velocidade até Madrid e a potencial execução de troço até ao Porto e Vigo.
Tendo em conta o impacto que esta intervenção em grande escala terá no desenvolvimento da indústria, da economia, das profissões, da mobilização dos atores sociais, a Ordem dos Arquitectos (OA) definiu o Plano 2034, uma estratégia de atuação, que foi já entregue ao Ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, numa reunião com a direção da Ordem dos Arquitectos, no início de junho.
A expectativa da OA, que está empenhada em contribuir para o interesse público, é que o Governo possa incorporar as ações propostas.
“Este é, sem dúvida, um desafio enormíssimo, que representa uma intervenção com uma escala importante tanto em Portugal como na própria Península Ibérica. Por esse motivo, o país tem de ser capaz de envolver os seus técnicos, de modo que se pense o futuro em conjunto e com quem melhor compreende e sabe fazer a definição territorial e o planeamento urbano. Não podemos perder esta oportunidade”, refere o Presidente da OA, Avelino Oliveira.
A Ordem dos Arquitectos defende uma estratégia de atuação que inclui as seguintes ações:
a. Criar equipas especializadas de arquitetos com experiência relevante em: matérias de infraestrutura e edifícios aeroportuários; Urbanismo, planeamento e instrumentos de gestão territorial; Mobilidade urbana, operação de transporte, interfaces e centros coordenadores de transportes; Salvaguarda de valores sócio culturais e de paisagem;
b. Criar um Think Tank com personalidades da área da Arquitetura que reflitam e desenvolvam pensamento estratégico sobre as diferentes implicações na sustentabilidade urbana e do território nacional.
c. Envolver as universidades nacionais de Arquitetura e respetivos centros de investigação na introdução imediata de conteúdos para que os seus alunos, os seus docentes e os seus investigadores produzam conhecimento e reflexão já a partir do ano letivo de 2024/2025 sobre este gigantesco processo de transformação territorial.
O documento agora apresentado ao Governo será também entregue às entidades públicas envolvidas nestes projetos e aos partidos políticos.
Esta necessidade de planeamento, tanto à escala supramunicipal, como de pormenor, foi já debatida num encontro sobre a implementação do Simplex Urbanístico. Esta reunião foi organizada, a 29 de maio, pela Ordem dos Arquitectos em parceria com as outras associações subscritoras da Declaração do Território (associações portuguesas dos Arquitetos Paisagistas, de Geógrafos, dos Urbanistas e ordens dos Engenheiros e dos Biólogos). Contou também com a presença da Direção-Geral do Território, da Associação de Municípios da Área Metropolitana de Lisboa, da Associação dos Trabalhadores da Administração Local e da Associação para o Desenvolvimento do Direito do Urbanismo e da Construção.
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