O Comitê de Política Monetária do Banco Central decidiu nesta quarta-feira 18, por unanimidade, aumentar a taxa básica de juros, a Selic, para 10,75% ao ano. É a primeira alta desde agosto de 2022.
Nos dois encontros anteriores, o Copom optou por conservar o índice de 10,5%, encerrando um ciclo de cortes iniciado em agosto de 2023.
Formam o comitê cinco diretores indicados por Jair Bolsonaro (PL) – Roberto Campos Neto (presidente), Carolina Barros, Diogo Guillen, Otávio Damaso e Renato Gomes – e quatro escolhidos por Lula (PT) – Ailton de Aquino, Gabriel Galípolo, Paulo Picchetti e Rodrigo Teixeira.
O aumento anunciado nesta quarta já era esperado por agentes do mercado financeiro. No início de agosto, após a última reunião, o Copom publicou uma ata na qual dizia que “não hesitará em elevar a taxa de juros”.
A possibilidade de elevação foi confirmada dias depois pelo diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo. Em um evento em São Paulo, ele afirmou que a alta estava “na mesa”.
Galípolo foi indicado por Lula para assumir o comando do BC a partir do ano que vem, em substituição a Roberto Campos Neto.
A taxa básica de juros tem sido um foco de duros embates entre Lula e o Banco Central, especialmente na figura de Campos Neto.
Desde 2021, quando o Congresso Nacional aprovou a autonomia do BC, o mandato do presidente da autoridade monetária não coincide com o do presidente da República. Campos Neto foi indicado ao cargo por Bolsonaro, e Lula não pode destituí-lo por vontade própria até o fim do mandato, em dezembro deste ano.
Com a nova decisão do Copom, o Brasil fecha esta quarta-feira com a segunda maior taxa real de juros do mundo.
Em primeiro lugar no ranking da taxa real, que desconta a inflação projetada para os próximos 12 meses, está a Rússia, com 9,05%. Com o aumento de 0,25 ponto na Selic, o Brasil chegou a 7,33%, ante 5,47% da Turquia, a terceira colocada. O monitoramento é da consultoria MoneYou.
Completam a lista dos 10 primeiros México (5,45%), Indonésia (4,37%), Índia (3,08%), África do Sul (2,96%), Colômbia (2,37%), Tailândia (2,03%) e Hungria (1,91%).
O Brasil seria o segundo colocado no ranking da taxa geral ainda que o Copom optasse por manter a Selic em 10,5% ao ano – neste caso, o País registraria um índice real de 7,08%.
Confira os resultados das reuniões do Copom desde o início do ciclo de reduções na Selic:
- agosto de 2023: de 13,75% para 13,25%;
- setembro: de 13,25% para 12,75%;
- novembro: de 12,75% para 12,25%;
- dezembro: de 12,25% para 11,75%;
- janeiro de 2024: de 11,75% para 11,25%;
- março: de 11,25% para 10,75%;
- maio: de 10,75% para 10,50%;
- junho: manutenção em 10,50%;
- julho: manutenção em 10,50%.