Grandes Obras

Presidente do PSB elogia Haddad, mas diz que governo Lula “não quer ouvir conselhos”

Presidente do PSB elogia Haddad, mas diz que governo Lula “não quer ouvir conselhos”


O descontentamento de setores da política com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não se restringe apenas ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), ou a integrantes do “centrão” e da oposição. Aliado de Lula, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, afirmou que o conselho político criado pelo governo “nunca funcionou” e que o Palácio do Planalto não está disposto a discutir propostas e ouvir conselhos dos partidos da base de apoio. 

“A gente só pode dar conselhos a quem pede. Ninguém pode dar conselhos a quem não quer ouvir conselhos. O PSB está aqui para ajudar e, mais do que dar conselhos, deve fazer as coisas bem feitas, e acho que está fazendo, onde for chamado a colaborar. Na hora que o presidente achar que deve ouvir alguém, ele chama. É mais importante para ele do que para a gente”, disparou Siqueira, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.

Segundo o presidente do PSB, o PT e a esquerda, em geral, necessitam de uma “atualização muito grande” para que possam ‘retomar seu protagonismo” na sociedade. 

Continua depois da publicidade

“O fato de ganhar uma eleição não significa que você está hegemônico na sociedade, até porque a eleição que se ganhou foi de uma frente amplíssima que inclui setores de centro-direita e de direita mesmo e que eram só favoráveis à democracia, que é um termo muito amplo. Mas há diferentes visões desse campo que ganhou as eleições e a esquerda precisa ter sua própria política capaz de mostrar sua identidade, assim como a extrema direita está mostrando’, diz Siqueira. 

Na entrevista, o dirigente também falou sobre a decisão do governo de empurrar de 2024 para 2025 a meta de zerar o déficit primário nas contas públicas. “Não diria que está abandonando [o compromisso com o equilíbrio fiscal], está flexibilizando. Isso pode gerar uma certa desconfiança, porque vivemos hoje nessa cobrança permanente de meta. Mas o governo, por outro lado, precisa ter recursos para fazer seus investimentos em infraestrutura”, opinou Siqueira. 

“Hoje, o recurso é muito dirigido ao pagamento de juros da dívida pública, que é imensa. O governo também tem suas obrigações, tanto com a manutenção de programas sociais, do sistema de saúde, de educação e a infraestrutura. Acho que esperava uma arrecadação maior do que está tendo com a reforma fiscal. Talvez, por isso, tenha feito essa flexibilização de meta. Mas não me parece comprometer o rumo da economia”, prosseguiu. 

Continua depois da publicidade

O presidente do PSB também elogiou o desempenho do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), na condução da equipe econômica. “O Haddad é uma boa surpresa no governo. Tem dado um rumo à economia que muitos duvidavam que ele pudesse dar.”

PSB descontente?

Siqueira foi questionado se o PSB estaria se sentindo sub-representado no governo Lula. A legenda conta com o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e com o ministro do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, Márcio França

“O PSB, diferentemente de outros partidos, não apoia o governo porque tem ministérios. Fizemos todo o esforço possível para garantir a eleição do presidente Lula, fomos o principal partido, depois do PT. Depois da eleição, o presidente decidiu colocar quadros importantes do PSB nos ministérios. Mas não estamos apoiando por essa razão”, garante Siqueira. ”Estamos apoiando porque queremos melhorar a qualidade da democracia, queremos ajudar para melhorar a qualidade do governo também, queremos que o governo dê certo. Agora, isso não é uma visão acrítica. Concordamos com algumas coisas e discordamos de outras.”

Apoio a Lula em 2026

Carlos Siqueira saiu pela tangente quando perguntado se o PSB renovaria o apoio a uma eventual candidatura de Lula à reeleição, em 2026 – repetindo ou não a dobradinha com Alckmin. 

“É cedo demais. Hoje, a nossa preocupação deve ser para que o governo melhore, dê certo e seja um sucesso. Qual decisão tomaremos em 2026 só vamos saber lá em 2026 porque 2 ou 3 anos no Brasil, em matéria de política, é quase uma eternidade”, afirmou. 



Fonte: Infomoney

administrator

Artigos Relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *