O atelier Rosmaninho+Azevedo – Arquitectos, uma empresa spin-off da Universidade do Porto, atualmente incubada na UPTEC – Parque de Ciência e Tecnologia da U.Porto, foi um dos principais intervenientes na recente requalificação do Museu de Aristides de Sousa Mendes. O museu abriu ao público este mês de julho, na Casa do Passal, em Cabanas de Viriato, Carregal do Sal.
Com mais de 2000m² de construção e um hectare de paisagem, a intervenção foi abrangente, visando não apenas a requalificação da casa, mas também a sua musealização. “Foi crucial manter uma certa ideia de Casa. Esta foi a casa de Aristides de Sousa Mendes, e queríamos refletir isso no nosso trabalho”, destaca Pedro Azevedo, cofundador da Rosmaninho+Azevedo.
Para o arquiteto formado na Faculdade de Arquitetura da U.Porto (FAUP), o projeto representa um marco significativo não só para a Rosmaninho+Azevedo, mas também para a valorização do património em Portugal. “Estamos muito contentes e orgulhosos com o resultado final. Esperamos que esta abordagem ao património inspire outras entidades a avançar com novos projetos”, diz.
O envolvimento do atelier Rosmaninho+Azevedo – Arquitectos neste ambicioso projeto começou em julho de 2017, na sequência de um concurso público lançado pelo Município de Carregal do Sal. “Visitámos a casa em agosto e entregámos a proposta em setembro”, refere Pedro Azevedo.
O caminho até à inauguração do museu enfrentou vários desafios, incluindo um período de burocracia que acabou por atrasar o início da obra em seis meses. O trabalho foi finalmente adjudicado em abril de 2018, com a entrega do projeto de execução em outubro do mesmo ano.
“A inexistência de um levantamento arquitetónico real do edifício foi um dos primeiros obstáculos significativos”, nota Pedro Azevedo, destacando a necessidade de criar uma base precisa para o projeto.
Os incêndios de 2018, que devastaram a zona centro de Portugal, bem como a pandemia da COVID-19 também revelaram ser “pedras no caminho”, mas a perseverança da Rosmaninho+Azevedo e a colaboração com o atual executivo municipal permitiram superar esses obstáculos e ampliar o pacote de financiamento comunitário, possibilitando o início da obra em agosto de 2022.
Assim, como referem os representantes da empresa, a colaboração foi um aspeto fundamental para o sucesso do projeto. A começar pelo “excelente diálogo” com a curadora Cláudia Ninhos e a equipa das Cariátides, responsáveis pela conceção museográfica e expositiva. “Foi gratificante trabalhar com uma equipa tão dedicada e competente”, frisa Pedro Azevedo, destacando também a contribuição da equipa de design da United By.
O Museu de Aristides de Sousa Mendes abriu ao público no passado dia 20 de julho. A cerimónia de inauguração contou com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Estiveram também presentes familiares de Aristides de Sousa Mendes e descendentes de refugiados salvos pelos vistos do então Cônsul de Portugal em Bordéus.
Sobre a Rosmaninho+Azevedo
Criado em 2015, por Susana Rosmaninho e Pedro Azevedo, o escritório de arquitetura já esteve entre os 14 finalistas do prémio Architectural Review Emerging Architecture (AREA), a distinção da Architecural Review para estúdios e arquitetos emergentes, até aos 45 anos.
Entre as obras mais reconhecidas da dupla inclui-se a requalificação do Centro Interpretativo do Vale do Tua, vencedor do Prémio Especial do Júri no Troféu Archizinc – VMZinc (Paris), em 2018, e do Prémio Nacional de Reabilitação Urbana 2020. O mesmo projeto foi nomeado para o Prémio de Arquitetura Contemporânea da UE – Mies van der Rohe 2019, e finalista do Prémio Bauwelt 2019: First Works e do Prémio The Plan 2019.
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