A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa de juros básicos a 11,25% ao ano recebeu críticas do setor produtivo. Em nota, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) informou que recebeu “com indignação” a decisão que elevou a Selic.
Segundo a entidade, a Selic está em nível excessivo e incompatível. Para a confederação, o aumento dos juros só vai impor restrições adicionais à atividade econômica, com reflexos negativos sobre o emprego e a renda, e atrapalhar o equilíbrio das contas públicas.
“A CNI defende que, em vez de subir a Selic, o foco deve ser a retomada dos cortes na taxa de juros. Só assim o país conseguirá avançar na agenda de redução do custo financeiro suportado pelas empresas, que se acumula ao longo das cadeias produtivas, e pelos consumidores”, disse a entidade.
Já a Associação Paulista de Supermercados (Apas) considera que o choque de juros adotado pelo Banco Central tende a prejudicar a atividade econômica e desestimular os investimentos.
“A Apas entende ainda que é fundamental que o conjunto da política macroeconômica avance de modo conjunto e coordenado e, neste sentido, a política fiscal possui um papel importante tanto na ancoragem das expectativas quanto no desenvolvimento consistente e sustentável da economia brasileira”, afirmou o economista-chefe da associação, Felipe Queiroz.
O aumento dos juros básicos também recebeu críticas das centrais sindicais. Para a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a medida aumenta o aperto financeiro à população e às empresas. A entidade lembrou que o Brasil está entre os maiores pagadores de taxa básica real (juros acima da inflação) do mundo, enquanto o país bate recorde em empresas com pedido de recuperação judicial.
A CUT citou um estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), segundo o qual a elevação de 0,5 ponto na Selic aumentará em 26 bilhões de reais os gastos da União com os juros dos títulos públicos.
A Força Sindical classificou a decisão de “irracional, nefasta e desastrosa”. Em nota, o presidente da entidade, Miguel Torres, disse que o Banco Central vai na contramão do desenvolvimento do país.
A presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, crítica da política monetária de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, classificou a decisão desta quarta como “sabotagem”.
“Copom mantém a sabotagem à economia do país e eleva ainda mais os juros estratosféricos. Irresponsabilidade total com um país que precisa e quer continuar crescendo”, disse.
Na mesma linha, o deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) criticou o aumento em meio ao debate sobre o corte de gastos. “Só esse aumento vai significar R$ 25 bilhões a menos para saúde, educação, segurança. Defendem cortar direitos dos mais pobres para enriquecer ainda mais os rentistas”, afirmou.
Confira os resultados das reuniões do Copom desde o último ciclo de redução:
- agosto de 2023: de 13,75% para 13,25%;
- setembro: de 13,25% para 12,75%;
- novembro: de 12,75% para 12,25%;
- dezembro: de 12,25% para 11,75%;
- janeiro de 2024: de 11,75% para 11,25%;
- março: de 11,25% para 10,75%;
- maio: de 10,75% para 10,50%;
- junho: manutenção em 10,50%;
- julho: manutenção em 10,50%;
- setembro: de 10,50% para 10,75%;
- novembro: de 10,75% para 11,25%.