O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) sinalizou positivamente para o projeto que prevê a redução da jornada 6×1. Ele afirma, porém, que o governo federal ainda não iniciou discussões sobre a proposta de autoria da deputada Erika Hilton (PSOL). As declarações foram dadas em entrevista coletiva concedida nesta terça-feira 12, após discursar na 29ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP29) em Baku, no Azerbaijão.
“Isso [reduzir a jornada] ainda não foi discutido [pelo governo federal], mas acho que é uma tendência no mundo todo. À medida em que a tecnologia avança e você pode fazer mais com menos pessoas, é natural que a jornada de trabalho também evolua”, avaliou Alckmin na conversa com jornalistas registrada pela CNN no Azerbaijão.
Questionado sobre o impacto de uma eventual abolição da escala 6×1 para o setor produtivo, Alckmin, que também acumula o cargo de ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, ressaltou que é natural que o tema gere preocupações e que, por isso, precisa ser amplamente debatido. “O debate sobre a proibição ou flexibilização dessa escala cabe à sociedade e ao Parlamento”, enfatizou.
A proposta de redução da jornada de trabalho ganhou força nas últimas semanas com a tramitação de uma PEC apresentada pela deputada Erika Hilton. A iniciativa sugere a redução para uma jornada de quatro dias, com um máximo de 36 horas semanais. Desde o lançamento, a proposta conquistou o apoio de 140 deputados.
Um movimento social liderado por Rick Azevedo (PSOL-RJ), vereador recém-eleito, já recolheu mais de 2,2 milhões de assinaturas em apoio à PEC.
O manifesto encabeçado por Azevedo, batizado de Vida Além do Trabalho (VAT), defende que a flexibilização das jornadas pode melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores e aumentar a produtividade. Segundo o grupo, “é possível conciliar os interesses econômicos com um novo modelo de relações de trabalho mais adaptado ao século XXI.”
Ainda que o governo federal não tenha declarado apoio oficial à proposta, a declaração de Alckmin sinaliza uma abertura para o debate sobre novas formas de organização do trabalho em um cenário de avanços tecnológicos e mudanças no mercado global.
Na segunda-feira, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, já havia dito ser favorável a uma redução de jornada, mas sugeriu que ela seja feita via convenções de trabalho ou acordo coletivo.