O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), classificou como uma “quadrilha” o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que antecedeu o terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Palácio do Planalto.
Nesta sexta-feira (12), o chefe da equipe econômica participou do 19º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), em São Paulo (SP). Haddad foi sabatinado por jornalistas e respondeu a perguntas do público.
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O ministro chamou atenção para a necessidade do enfrentamento à extrema-direita no Brasil e no mundo e disse que as instituições “deram uma demonstração de força” após os ataques de simpatizantes de Bolsonaro às sedes dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, no dia 8 de janeiro de 2023 – apenas uma semana após a posse de Lula.
Haddad foi questionado sobre as investigações da Polícia Federal (PF) que revelaram o uso da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), durante o governo Bolsonaro, para monitorar e espionar ilegalmente políticos, parlamentares, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), auditores da Receita Federal e jornalistas.
“As últimas investigações dão testemunha de que tipo de quadrilha estava no poder. E nós temos de lidar hoje com essa bandidagem. E vai ser assim, até que possamos reconstituir os polos em termos moderados, para que a disputa democrática seja feita respeitando as regras do jogo”, disse Haddad.
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“As instituições brasileiras deram uma demonstração de força, como nem as instituições americanas deram. A extrema-direita, ou qualquer posição extremista, é uma coisa que vem com força, mas não tem vida longa. Historicamente falando, ela é uma chama que vai consumir ela mesma. É tal a explosão de irracionalidade que ela se consome… O problema é o rastro de destruição que ela deixa. Ela é muito destrutiva e tem de ser contida”, alertou o ministro.
Oposição “destrutiva” e o poder da comunicação
Em sua fala, Haddad destacou a importância de uma “boa comunicação” por parte do governo, não apenas para combater a extrema-direita como para explicar as ações do Executivo federal para a população.
“Tem aí um desafio de comunicação que não é fácil de superar, é um desafio importante. Mas, efetivamente, temos uma oposição de tipo novo no Brasil. Tínhamos 2 partidos, um de centro-esquerda e um de centro-direita [referindo-se ao PSDB],que se alternavam no poder com regras de civilidade e convivência. Fazia-se oposição, mas não se comprometia o futuro do país”, recordou Haddad.
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“Hoje, temos uma oposição que atua para minar a credibilidade das instituições, dos dados oficiais e do Estado brasileiro. Eles atuam diuturnamente nas redes sociais. É uma prática protofascista mesmo, não tem outra palavra”, disse o ministro.
A influência das redes sociais na percepção do brasileiro
Ao comentar a resistências das forças democráticas aos extremos, Fernando Haddad demonstrou grande preocupação com a difusão de notícias falsas e discursos de ódio por meio das redes sociais.
Para o ministro, esse tipo de comunicação vem afetando negativamente a percepção dos brasileiros sobre a realidade.
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“O que eu vejo em rede social é muito sério. Não bate com a realidade. A pessoa diz que o desemprego está aumentando, que a renda está caindo”, disse Haddad.
“Eu noto esse descolamento quando eu lembro dos 8 anos em que eu participei do governo do presidente Lula, em que a percepção era outra, mais positiva, muitas vezes com indicadores piores do que os atuais”, prosseguiu o ministro. “Nós temos um desafio comunicacional hoje. Quando você pergunta se a pessoa está melhor do que no ano passado, ela diz que está. Quando você pergunta se a economia está melhor, ela diz que não necessariamente.”