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90% dos casos de deficiência visual são tratáveis

90% dos casos de deficiência visual são tratáveis



O Brasil tem cerca de 1,5 milhão de pessoas cegas, sendo a maioria – 946 mil pessoas – pertencentes a grupos economicamente vulneráveis. Segundo dados do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), 90% dos casos de cegueira podem ser prevenidos e tratados. No Rio Grande do Sul, a Sociedade de Oftalmologia local (SORIGS) estima a existência de 75 mil indivíduos cegos. Para reforçar a importância com o cuidado da visão, a CBO promove neste mês o Abril Marrom, que busca conscientizar sobre a prevenção da saúde ocular.

A catarata ainda é a principal causa de cegueira no mundo e no Brasil. É uma condição que geralmente se desenvolve com a idade e se caracteriza pela perda de transparência de uma estrutura que fica dentro do olho, chamada de cristalino. “É importante ressaltar que a cegueira por catarata é totalmente reversível com a cirurgia, que atualmente é um dos procedimentos cirúrgicos mais seguros do mundo”, assegura Bruno Schneider, presidente da SORIGS.

Entre as causas de cegueira irreversível está o glaucoma. O oftalmologista explica que, nesse caso, devido a elevações da pressão intraocular, uma importante estrutura do olho, chamada de nervo óptico, sofre um dano irreversível e leva a perda progressiva da visão, que se inicia na região periférica do campo visual e pode progredir até a visão central, se não tratado.

O diabetes mellitus também é uma causa preocupante de cegueira no Brasil. A doença se caracteriza pelos elevados níveis de açúcar no sangue e gera danos nos vasos da retina, que é uma estrutura muito delicada e fundamental para a visão. Nos estágios iniciais, a retinopatia diabética, como é chamado esse problema, é silenciosa, porém conforme progride pode levar a perda lenta ou até mesmo súbita da visão.

“O diagnóstico precoce de todas essas condições é fundamental para que se possa prevenir os dados permanentes dessas doenças oculares”, destaca Schneider. Para isso, a rotina de exames oftalmológicos deve se iniciar desde o nascimento. Na maternidade, os bebês recém-nascidos devem obrigatoriamente fazer o teste do olhinho, que detecta doenças oculares congênitas que podem levar à cegueira. Após o teste do olhinho, recomenda-se uma rotina de exames na infância aos 6 meses, 2 anos, 5 anos e a cada 1 ou 2 anos em idade escolar.

O adulto sem problemas visuais pode fazer revisões a cada dois anos, porém, a partir dos 40 anos, novamente essas revisões devem ser realizadas a cada ano, pois a partir desse período, aumenta o risco de aparecimento de catarata, glaucoma, retinopatia diabética e degeneração da retina.

Schneider chama atenção para o aumento expressivo do número de crianças com miopia no Brasil e no mundo inteiro. As crianças da geração atual apresentam miopia cada vez mais cedo e com graus mais elevados. Ao mesmo tempo, essa é a geração que mais tem utilizado os smartphones e tablets para estudo, comunicação e fins recreacionais.

O médico avalia que há uma relação entre essas duas situações, o aumento da miopia na infância e o crescimento do uso de telas associado a maior restrição das atividades ao ar livre. “Por isso, até os 5 anos, recomendamos que as crianças não tenham contato algum com telas e que, após essa idade, o uso seja limitado a 1h por dia. Entendemos que esse controle é difícil, mas ele deve ser implementado da melhor maneira possível para que se previna o desenvolvimento da miopia e as consequências advindas da miopia na vida adulta, como o aumento da chance de desenvolver glaucoma, problemas na retina e catarata precoce”, recomenda.

A campanha do Abril Marrom é o momento de dar visibilidade à importância da prevenção nos cuidados visuais. Ao contrário do senso comum, a maioria das doenças oculares são silenciosas e apenas manifestam sintomas quando em estágio avançado e irreversível. A consulta periódica com o oftalmologista é muito importante como forma de prevenção da cegueira e pode evitar 80% dos casos. O exame é o momento em que o médico irá avaliar a visão, medir a pressão dos olhos, examinar os olhos com microscópio e a retina em seus detalhes.

“A visão é nosso principal sentido para nos relacionarmos com o mundo. Estima-se que 80% de todas as informações que captamos no dia a dia advém do sentido visual. Cuidar da visão é cuidar da nossa principal ferramenta sensitiva. Os olhos são estruturas muito delicadas e muito complexas e merecem cuidado proporcional a sua importância”, concluiu.



Fonte: Jornal do Comércio

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