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Com Wesley e Joesley Batista, Lula visita fábrica da JBS em reduto bolsonarista

Com Wesley e Joesley Batista, Lula visita fábrica da JBS em reduto bolsonarista


Em um aceno ao agronegócio, setor da economia que mostra forte resistência ao atual governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) visitou, nesta sexta-feira (12), uma fábrica da JBS em Campo Grande (MS). Foi sua primeira ida ao Mato Grosso do Sul desde que tomou posse para o terceiro mandato.

Lula acompanhou a finalização do primeiro lote para embarque de carne para a China, a partir das plantas recém-habilitadas da empresa. Os ministros Carlos Fávaro (Agricultura) e Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) acompanharam o petista no evento, que também contou com a participação do governador do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB).

A visita de Lula foi “guiada” pelos empresários Wesley e Joesley Batista, donos da J&F (controladora da JBS). Eles estão fora do dia a dia da companhia desde 2017, na esteira da delação premiada de Joesley, no âmbito da Operação Lava Jato, que abalou o governo do então presidente Michel Temer (MDB). Na época, Wesley era CEO da JBS.

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A delação veio à tona em 17 de maio de 2017 e, no dia seguinte, o Ibovespa registrou sua maior queda desde 2008 e o dólar disparou. Os irmãos foram acusados de ter orientado a J&F a vender ações da companhia antes da forte queda dos papéis registrada naquele 18 de maio. Ambos ficaram presos por seis meses.

Essa suposta manipulação de mercado rendeu multa bilionária e processos na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) por insider trading, ganhos indevidos com juros futuros e reflexos do vazamento da delação em operações de hedge, mas Joesley e Wesley foram inocentados das acusações. Em março, os irmãos Batista voltaram ao Conselho de Administração da JBS.

O Mato Grosso do Sul é considerado um dos redutos do bolsonarismo no país. Nas eleições de 2022, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) obteve 59,49% dos votos válidos no segundo turno, ante 40,51% de Lula. Bolsonaro venceu em 66 das 79 cidades do estado.

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“Sociedade raivosa”

Em seu discurso, como já havia feito em eventos recentes, Lula voltou a chamar atenção para o ambiente polarizado no país. “A sociedade brasileira anda um pouco raivosa. Uma parte de nós está virando algoritmo. Uma parte de nós levanta às 5 horas da manhã e a primeira coisa que faz é pegar o celular e ver se tem alguma bobagem para poder assistir. Isso é o dia inteiro”, afirmou.

“Todo mundo está conectado 24 horas por dia, e as pessoas deixaram de conversar. Nós nascemos para viver em comunidade, com fraternidade, com solidariedade. Isso está desaparecendo. Quando isso desaparece, a mentira ganha destaque”, prosseguiu Lula.

Sem citar o nome de Bolsonaro, o presidente da República disse, ainda, que “não é possível você governar um país do tamanho do Brasil com mentiras”. “Mentira tem perna curta, é uma questão de tempo. Chega uma hora em que ela aparece”, afirmou.

“Este país precisa de tranquilidade e verdade. Eu, se pudesse, faria um decreto de que é proibido mentir, de que quem mentisse fosse preso. A gente não pode viver subordinado à mentira, à maldade, à intriga”, concluiu Lula.

Simone Tebet

Ex-senadora pelo Mato Grosso do Sul e muito ligada ao agronegócio, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), destacou a importância do setor para a economia do país e também em nível global.

“Somos 8 bilhões de seres humanos no mundo. O Brasil alimenta 1 bilhão de pessoas”, afirmou Tebet. “Essa planta [da JBS] significa mais exportação. Significa abrir o mercado btrasileiro para o mundo, com mais empregos sendo gerados aqui e mais renda para o comércio. Para isso, nós precisamos de logística: de estradas, ferrovias, portos, aeroportos e cabotagem. Quase R$ 70 bilhões por ano do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] estão sendo investidos em infraestrutura.”

China e abertura de novos mercados

Nos últimos 15 meses, segundo o governo federal, o Brasil abriu 105 novos mercados, em 50 países. Em março deste ano, a China, segunda maior economia do mundo, habilitou 38 novas unidades de produção para receber carne importada do Brasil – o que fez com que o número de plantas saltasse de 106 para 144.

Ao todo, de acordo com o Planalto, foram habilitadas 24 novas plantas de processamento de bovinos, 8 de frangos, um estabelecimento de termoprocessamento de bovinos e 5 entrepostos. Somadas, elas devem gerar um acréscimo de R$ 10 bilhões na balança comercial brasileira nos próximos 12 meses.



Fonte: Infomoney

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