- Área:
210 m²
Ano:
2024
Descrição enviada pela equipe de projeto. A proposta do apartamento teve como diretriz a maior integração possível das áreas sociais. Essa conexão deveria ser tanto espacial quanto dos materiais e soluções. Antigas alvenarias foram demolidas permitindo assim a junção da sala de estar, sala de jantar, cozinha e área de tv anexadas umas às outras. O que delimita sala de jantar e cozinha é o piso de granilite branco com juntas de latão. A marcação desse piso cria um eixo que vai desde a janela principal da varanda da sala até o final da área de serviços.
Na sala de jantar, composta por jogo de cadeiras Nau do Fernando Jaeger Atelier e mesa Lotus do mesmo designer, criamos um painel de madeira que tem como principal função mimetizar o volume do lavabo. Este lambri, de lâmina natural de madeira freijó, tem suas quinas arredondas de forma a se contrapor com os ângulos retos do apartamento. Na maior face do painel projetamos um apêndice combinando o mesmo material com um elegante tampo em mármore verde Guatemala, puxando para a cor referência de todo o projeto. Nesse móvel se posiciona o bar e parte da organização do ambiente, além de abrigar peças como o grande quadro da artista Mai-Britt, azulejos de Athos Bulcão, fruteira da Flávia del Pra e uma simpática ilustração, da artista Fernanda Vaz, retratando o próprio e icônico prédio onde se localiza o apartamento. A cereja do bolo deste ambiente é a Luminária Disco da Mel Kawahara compondo a iluminação com um grande perfil da Reka, mais ortogonal, com luz direta e indireta.
Anexo a sala de jantar posicionamos a área de estar. Esta escolha de layout foi estratégica para maior integração. No mesmo conceito, amarramos todo o eixo de ocupação dessa ala do apartamento com o mesmo piso. Neste caso o piso original de tacos da época da construção do prédio. Este piso teve que ser extensamente reformado. Nos primórdios do estudo preliminar do projeto, onde antes só se via um antigo carpete, propomos a utilização de piso de madeira novo com materiais e dimensões mais contemporâneos. Mas ao se deparar com o existente, priorizamos a permanência do taco original assim mantendo parte da história do apartamento. Nossos projetos costumam buscar a verdade dos materiais, nesse sentido procuramos em muitos casos o aproveitamento do existente e a revelação de outros, como fizemos com todos os caixilhos originais que foram recuperados e com parte das estruturas. Estas foram descascadas e seu concreto revelado, solução adotada na viga principal da sala e na caixa do elevador. Para conversar com o existente, desenhamos prateleiras e banco em placas de concreto armado fazendo frente para o Sofá C128 fornecido pela Carbono Design e desenho do Estúdio Ninho. Estes elemos de concreto, além do banco ser uma grande área de assentos, abrigam grande parte da decoração dos moradores como as Cabeças de Cida Lima, vasos de murado da Jaqueline Terpins, o tamanduá de cerâmica do da Mestra Neguinha e a coleção de quadrinhos do artista chinês Shu Lin.
Especificamos para este, e os demais ambientes, somente mobiliários nacionais assim valorizando o design brasileiro. O ambiente é composto por poltronas Atibaia do Paulo Alves, banquetas Mocho do Sérgio Rodrigues, chaise Alice do Aristeu Pires, mesa de centro Atlas de Alfio Lisi, mesinha lateral Flik do Fernando Jaeger, tudo isso pousado em um lindo tapete George presenteado pela Koord e iluminado por peças da Reka e Dimlux. Juntando duas paixões dos clientes, design e plantas, indicamos a utilização dos vasos de polietileno, feitos com plástico 100% reciclado da Vasap. Os mesmos vasos compõem o paisagismo da varanda onde uma das plantas tem 37 anos. Para o estar da varanda escolhemos o Sofá Felipe do Fernando Jaeger Atelier.
A peça chave e organizadora do projeto sem dúvidas é o vagão verde da cozinha. Com seus 4,6 metros de comprimento e 90cm de largura o móvel tem função para os seus 3 lados expostos. Para a cozinha ele abriga a geladeira, o filtro d’água, micro-ondas e um batalhão de armazenamento. Para o lado do corredor, roupeiro e armário de apoio. Na sua ponta voltada para a sala a cristaleira, com vidro canelado e iluminada, com peças garimpadas durante muitos anos. Esta quando acesa se transforma em uma lanterna proporcionando uma luz exótica e difusa no ambiente. Para não ser um grande paredão abrimos uma visita de 2 metros com vista direta para a sala de tv onde temos um grande sofá da Ondo, bancos e mesinhas da ilha do Ferro com pintura da Ju Amora, quadros do artista Carlos Anesi e rack/home office em marcenarias de nossa autoria. Além de ser um respiro visual também funciona como balcão. Na mesma pegada da área do bar, utilizamos o mármore verde Guatemala para a bancada que recebe duas banquetas Luisa do Estudio Bola. O tom verde do balcão foi escolhido o mais próximo possível a cor verde garrafa do gabinete Securit que acontece em baixo do tampo de pedra da área molhada e de cocção.
Casos a parte neste apartamento foram as soluções para o hall de entrada e o lavabo. Dedicamos carinho extra nestes dois pequenos ambientes. No hall de entrada, além de recuperar a porta de entrada original com seus detalhes de cobre e a porta do elevador, revestimentos paredes e teto com cerâmica Tuini Ponto da Tai Azulejos. Como “elemento surpresa, substituímos 10 peças de ponto por peças onde o desenho são gotas, nuvens, olhos e pequenos corações. Só bons observadores captam esse detalhe. Para os que gostam de tirar o calçado antes de entrar em uma casa, colocamos um banco Engenho da Arara Store ainda dentro do hall.
Quem não prestar muita atenção não vai ver o seu acesso. E essa foi a proposta para o lavabo. Mimetizar com o material que o envolve e esconder a porta de acesso. Ao adentrar ao ambiente queríamos causar o efeito surpresa. Na mesma proposta do hall de entrada, revestimentos todas as paredes e o teto do ambiente com uma composição de cerâmicas Born e Montjuic da Mica Azulejos decorativos. O efeito da luz natural que passa pela grande janela que tem no ambiente com o tom verde menta do revestimento deixa o lavabo acolhedor e confortável. A bancada e cuba esculpida são de granito preto São Gabriel escovado para não causar reflexo. Pelo mesmo motivo escolhemos as peças de registro e torneira Mix&Match da Docol em acabamento grafite escovado. Os detalhes da bancada, como prateleira inferior e bandeja ripada são de freijó natural maciço. Iluminação em arandela Reka e espelho desenhado por nós.
Originalmente o apartamento era 3 dormitórios, mas a necessidade dos clientes era ter somente 2. Assim transformamos um deles em sala de tv aberta e mantivemos o segundo ao meio mantendo ele afastado da área social. Nele será o futuro quarto do bebê que está a caminho. Sabendo que essa possibilidade existia, planejamos o quarto para ser mutável de um dormitório de visitas/home office para quarto de criança. A marcenaria ocupa toda a face lateral. Por ser um móvel grande conseguimos fazer bem ao meio dele uma escrivaninha que irá se transformar em trocador e, com o tempo, voltará a ser escrivaninha. A paixão pelas plantas e o tema verde está até no papel de parede Mata Atlântica verde da Branco Casa. As peças de iluminação gerais são da Reka. Já as duas luminárias embutidas na marcenaria da escrivaninha são Stella.
Para o dormitório central, mantivemos o banheiro existente do corredor. Consideramos que as dimensões originais eram poucas para necessidades contemporâneas. Sendo assim anexamos a este banheiro o antigo sanitário localizado na área de serviços dando 1 metro a mais para ele. Essa dimensão exta permitiu um desenho generoso de bancada, em quartzo branco, e um box com dimensões confortáveis. Demos destaque para o piso e o nicho do box usando pastilhas 5×5 na cor vermelho da Keramika. Todas peças sanitárias são da Deca e as luminárias da Reka.
Ao extremo oposto da sala de estar manteve-se a suíte principal. Dimensões generosas e ótima iluminação natural combinadas dão conforto absoluto ao espaço. A grande alteração foi a transformação do antigo dormitório de funcionários em closet fechado. A alvenaria foi aberta para o lado do quarto e fechada para a área de serviços acrescentando 5m² para o ambiente. A verdade dos materiais se aplica em todos ambientes. Colunas e viga foram descascados relevando o concreto existente. No pilar fixamos o cabideiro Ange da Cremme. Mas armário nunca é demais. Na longitudinal do quarto projetamos mais um guarda-roupas integrado. No eixo da cama king size Ibirapuera do Studio Volanti locamos a tv solicitada. Ao pé da cama ainda sobrou espaço para uma poltrona com mais de 50 anos, presenteada pelo avô do cliente. A cabeceira desenhamos um painel ripado com mesas assimétricas flutuantes. Tudo com acabamento em lâmina natural de madeira freijó. Luminárias gerais da Reka e arandelas de cabeceira da Lumini.
O único pedido sobre o banheiro da suíte principal foi ter uma banheira. A sanitário original era composto de banheira e chuveiro separados. Além da bacia sanitária, ao lado existia um bidê. Esses elementos deixam o ambiente apertado e com dimensões ruins. A solução foi juntar banheira e chuveiro em um único canto e remover o bidê. Toda ocupação da pia e a porta de acesso foram espelhados, assim conseguimos criar um tampo extenso com duas cubas da Deca e misturadores Docol. Escolhemos fazer a banheira em alvenaria. A altura dela balizou toda a aplicação do revestimento em pastilha 5×5 verde da Keramika. A cima da altura da banheira colocamos o revestimento Gouche Nuage da Portobello. Sua superfície irregular e perolada reflete a luz natural de forma complexa, transformando o banheiro ao longo do dia. Peças como papeleiro e toalheiro de rosco são da Crismoe, linha solution. Já o toalheiro térmico é da Docol. Toda a iluminação do banheiro é Reka.
Nesta obra tivemos uma situação especial. Os antigos proprietários nunca mexeram no apartamento. Na demolição da marcenaria existente localizado no dormitório ao meio reparamos que atrás do painel de madeira escura e envelhecida tinha um desenho feito diretamente na parede. Este desenho se tratava de um croqui, provavelmente com mais de 60 anos, representando o móvel que ali antes estava. Creio que nem os antigos moradores se recordavam desse desenho. Com essa verdadeira arqueologia de obra, por um breve momento, voltamos no tempo mas notamos que esse recurso de se desenhar nas paredes da obra, de explicar soluções para clientes e construtores se manteve. E provavelmente se manterá. Infelizmente não foi possível manter o desenho na parede. Após registro fotográfico ele foi apagado pela tint.