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Após enchentes, Renner reforça mapeamento de risco para definir abertura de novas lojas

Após enchentes, Renner reforça mapeamento de risco para definir abertura de novas lojas


Loraine Luz, especial para o JC

Com os prejuízos causados pela enchente que atingiu o Rio Grande do Sul na Renner, que devem ultrapassar os R$ 10 milhões, a empresa adaptou suas estratégias de expansão. A gestão, agora, olha para o mapeamento de risco antes de definir os locais onde serão abertas novas lojas.

Quatro por cento das unidades da Renner foram atingidas pela catástrofe, com alagamento num nível pequeno, de subsolo, e foi possível retirar tudo para evitar maiores danos. Em torno de 400 colaboradores, dos 5 mil no Estado, foram afetados direta ou indiretamente. Nesta entrevista, o CEO da marca, Fabio Faccio, fala sobre o impacto para a empresa e seus colaboradores.

Fabio Faccio – A Renner nasceu no Rio Grande do Sul, nossa sede é aqui. Hoje, grande parte das lojas estão no Brasil todo, Argentina e Uruguai, mas a gente nasceu aqui. Temos um cordão umbilical com o Estado, e uma gratidão enorme com o povo gaúcho. Por isso, entendemos que temos um papel importante a reerguer o Estado, apoiar a comunidade e ajudar as pessoas. Na comparação com a pandemia, pela extensão dos problemas, não pelo número de vidas perdidas, esse momento é mais grave.

JC – Que cálculo fazem de prejuízo Renner nas primeiras semanas da catástrofe?

Faccio – Eu diria que a gente não tem nenhuma perda relevante de material, de equipamento, de estoque. Infelizmente, outras empresas tiveram. O que tivemos foi perda de fluxo nas lojas, o que impacta nas vendas, além de um aumento de custos operacionais em função de alguns deslocamentos mais difíceis. E temos o aporte que estamos fazendo, que é um investimento nas pessoas, nas comunidades, que é super importante, mas com certeza sai dos nossos resultados. Uma parte, na verdade, porque boa parte dos resultados já é naturalmente voltada para isso de qualquer forma.

Rede de vestuário, a Renner já entregou 147 mil peças de roupas aos atingidos pelas cheias e prevê um total de 280 mil itens ainda


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Renner/Divulgação/JC


JC – A catástrofe mostra que cada vez mais é preciso investir em ESG. Essa pauta precisa de mais robustez?

Faccio – É uma excelente pergunta, porque nos permite falar da nossa estratégia, de ser referência em moda responsável. A Renner trabalha fortemente nisso. Está nos nossos princípios, valores, a gente é referência. No ranking do Dow Jones Sustainability Index, por exemplo, somos a primeira em todo o setor de moda no mundo. Um momento como este reforça a importância disso. Quando a gente vê o que está acontecendo com o clima, fica clara a importância de se ter uma estratégia de sustentabilidade, de ESG para o mundo como um todo. Sei que tem gente que afirma: ”ah, isso já aconteceu no passado”. Me incomoda um pouco essa fala. Aconteceu em Porto Alegre em 1941, há mais de 80 anos, a gente não tinha as redes fluviais que existem hoje. Então, aconteceu em menor proporção e em menor escala. Se a gente lembrar, 30 anos depois, foram feitos o muro, os diques, as bombas. De vez em quando foram usadas. O mais grave ainda é que num período de menos de um ano já aconteceu cinco vezes, se não estou enganado. Junho, setembro, novembro, janeiro, abril e maio. Já acontecia alagamentos, mas nunca na frequência e na intensidade com que está acontecendo, em toda a história de um Estado como o Rio Grande do Sul, cujo tamanho é praticamente um País. E não é só aqui. É no mundo inteiro. O Sudeste do Brasil nunca teve temperaturas altas durante tanto tempo no outono, é praticamente o outono inteiro com 33°C, 34°C graus em São Paulo e Minas Gerais.

JC – A catástrofe acelera os planos de vocês ou acreditam que estão indo em ritmo adequado e satisfatório?

Faccio – Parte da adaptação climática, sim. Hoje a nossa condição de gestão é olhar para esse mapeamento de risco antes de definir os locais onde vamos abrir lojas. Isso já está na rotina da área de arquitetura. O nosso time de sustentabilidade trabalha em conjunto com a área de construção para tomada de decisão. Isso sim a gente vai acelerar bastante. A gente já estava trabalhando assim, mas vamos acelerar muito mais essa questão de análise de risco antes da abertura de loja.

JC – Para finalizar, todas essas ações de resposta ao desastre já foram calculadas?

Faccio – Nesse momento, é prematuro a gente afirmar um número. Ainda estamos na fase 1, tem a fase 2 que vai ser mais longa. Agora, a gente está mais preocupado em fazer para depois estimar tudo. Mas a gente fez uma primeira estimativa. Eu diria que, na pandemia, investimos mais de R$ 10 milhões. E, conforme as primeiras estimativas que fizemos, esse valor vai ser extremamente superior. Mas é difícil precisar agora.



Fonte: Jornal do Comércio

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