O arquiteto japonês Riken Yamamoto é o vencedor do Prémio Pritzker 2024, o mais importante galardão mundial da arquitetura, anunciou a organização.
Júri do mais importante prémio de arquitectura enaltece o contributo de Riken Yamamoto na construção de “sociedades harmoniosas”, tendo sempre presente a importância da vida em comunidade.
Como já vem sendo habitual, o nome do vencedor foi revelado em primeira mão no site oficial deste prémio promovido pela Fundação Hyatt, ligada à família Pritzker, de Chicago, um nome que nos Estados Unidos é sinónimo de hotéis e de filantropia.
No comunicado em que anuncia, e justifica, a escolha de Yamamoto, o Pritzker destaca a sua arquitectura capaz de criar “sociedades harmoniosas”, apesar das diferenças evidentes de identidades, condições económicas e políticas, e o seu talento para desenhar espaços em que as vantagens da vida em comunidade são realçadas, em detrimento do desejo de privacidade que parece orientar a maioria das intervenções urbanas.
“[Riken Yamamoto] define a comunidade como um ‘sentido de partilha de um espaço’, desconstruindo as noções tradicionais de liberdade e de privacidade, e rejeitando as condições de longa data que reduziram a habitação a um bem sem relação com os vizinhos”, pode ler-se no mesmo documento, que em seguida enaltece a sua aptidão para estabelecer pontes entre os cidadãos, por mais diferentes que sejam as suas origens, culturas e gerações ao conceber projectos de “elevado valor social”, onde há sempre lugar para que as pessoas se encontrem.
“Uma das coisas de que mais precisamos no futuro das cidades é criar condições, através da arquitectura, que multipliquem as oportunidades para as pessoas se reunirem e interagirem”, reflecte, no comunicado, o arquitecto Alejandro Aravena, que este ano voltou a ser o presidente do júri e que já foi, ele próprio, vencedor do Pritzker (recebeu o prémio em 2016). O chileno descreveYamamoto como um arquitecto que “traz dignidade à vida quotidiana”. “A normalidade torna-se extraordinária. A calma leva à sumptuosidade.”
O japonês tem uma carreira de cinco décadas e, como aponta o Pritzker no comunicado, já desenhou projectos que vão de residências privadas a complexos de habitação pública, escolas primárias, edifícios universitários, sedes de instituições ou espaços cívicos. É possível encontrar a sua obra não apenas no Japão, como também na China, na Coreia do Sul e na Suíça.
O complexo habitacional Hotakubo Housing (Kumamoto, Japão, 1991), a escola Iwadeyama Junior High School (Osaki, Japão, 1996), a universidade pública Future University Hakodate (Hakodate, Japão, 2000), o complexo de apartamentos Shinonome Canal Court CODAN (Tóquio, Japão, 2003), a casa Ecoms House (Tosu, Japão, 2004), o complexo com apartamentos e escritórios Jian Wai Soho (Pequim, China, 2004), a Biblioteca de Tianjin (Tianjin, China, 2012), o The Circle, um espaço no aeroporto de Zurique com diferentes lojas, restaurantes e bares (Zurique, Suíça, 2020), e a universidade privada Nagoya Zokei University (Nagoya, Japão, 2022) fazem parte da sua lista de projectos notórios, de acordo com a enumeração feita pelo júri.
Criado em 1979, e no valor de 100 mil dólares (cerca de 90 mil euros), o Pritzker é atribuído anualmente a um arquitecto ou a uma equipa de arquitectos cuja obra reflicta “uma combinação de talento, visão e empenho” e tenha dado, em simultâneo, um contributo significativo para a humanidade e o ambiente, pode ler-se no site do prémio.
Do júri deste ano, além do já referido Alejandro Aravena, fazem parte, entre outros, a arquitecta japonesa Kazuyo Sejima (Pritzker 2010), Barry Bergdoll, historiador de arte norte-americano e curador de arquitectura e design, e André Aranha Corrêa do Lago, diplomata, crítico de arquitectura e especialista em desenvolvimento sustentável, actualmente secretário de Estado para o Clima, Energia e Ambiente do Governo brasileiro.
Nos seus 45 anos de história, o Pritzker foi entregue a Tadao Ando, Peter Zumthor, Norman Foster, Rem Koolhaas, Renzo Piano, Rafael Moneo, I.M.Pei, Frank Gehry, Paulo Mendes da Rocha ou Aldo Rossi, assim como às duplas de arquitectos Kazuyo Sejima/Ryue Nishizawa e Yvonne Farrell/Shelley McNamara.
As mulheres têm sido pouco contempladas – somente seis o receberam, apenas três não o partilharam com homens. Zaha Hadid foi a única a ganhá-lo a título individual, e foi há já 20 anos.
Da lista de laureados fazem parte dois portugueses: Álvaro Siza, que recebeu o prémio em 1992, e Eduardo Souto de Moura, o escolhido de 2011.
Na última edição, o Pritzker foi para o britânico David Chipperfield, um dos mais conceituados arquitectos europeus. Em 2022, o prémio fora, pela primeira vez, entregue a um africano, Diébédo Francis Kéré.
© Público .
© Riken Yamamoto, photo courtesy of Tom Welsh
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