A profusão de sinais contraditórios, tanto positivos quanto negativos, sobre as perspectivas da economia configura uma situação peculiar de divergência de indicadores e de análises que aumenta, em muito, a probabilidade de analistas do sistema financeiro e suas bolas de cristal embaçadas deslizarem em projeções furadas e arrastarem os investidores em outro escorregão na casca de banana das estimativas erradas. Empresas e aplicadores ainda contam as perdas das últimas estimativas sem fundamento e precisam fazer novos gastos e investimentos com um grau de incerteza que só aumenta, dado o elevado grau de desencontro de opiniões.
Alguns exemplos pinçados do noticiário sobre a famigerada crise fiscal dão ideia da dificuldade enfrentada por aqueles que tomam decisões econômicas ou financeiras. De um lado, o déficit nominal do Brasil disparou, a pressão da alta dos juros e do dólar sobre custos e despesas financeiras das empresas aponta para uma queda nos lucros e os empresários da indústria voltaram a ficar pessimistas após um ano e meio de otimismo, dizem jornais e sites. Em contrapartida, os mesmos veículos apontam que o déficit público de 2024 deve ser melhor do que as expectativas do mercado financeiro, o viés de queda da taxa de juros é de baixa, em sintonia com o comportamento do dólar, e o rendimento dos treasuries denota sinais discretos de mudança, para melhor, no modo de atuação do BC.