A colaboração entre CBF e delegados da PF consiste em compartilhar relatórios de inteligência, súmulas das partidas e histórico dos jogadores. A entidade que rege o futebol nacional também repassa informações do chamado Passaporte do Futebol, sistema criado para monitorar atletas, treinadores, árbitros e corpo técnico.
O primeiro grande resultado deste esforço conjunto foi a Operação Jogo Limpo, deflagrada na quarta-feira. A ação apura possível manipulação de resultado de uma partida válida pela Série D do Campeonato Brasileiro, disputada no interior de São Paulo no início de junho. Policiais federais cumpriram 11 mandados de busca e apreensão em Patrocínio (MG), São Paulo e São José do Rio Preto (SP) e Rio de Janeiro, Tanguá e Nova Friburgo (RJ).
A partida em questão envolveu Inter de Limeira e Patrocinense, no dia 1º de junho, pela quarta divisão do futebol brasileiro. A investigação teve início após denúncia feita por uma testemunha, que procurou a CBF um dia antes do jogo. Ela alertou sobre uma movimentação suspeita em torno do Patrocinense. A confederação, então, acionou o protocolo interno e compartilhou seu material com a PF. Depois do jogo, a Sportradar, empresa especializada em detecção de fraudes relacionadas a apostas com sede na Suíça, apresentou um relatório, também enviado à Polícia Federal.
O documento reportou movimentação anormal de apostas que indica que determinado time perderia o primeiro tempo da partida por ao menos dois gols. Segundo a empresa, 99% da movimentação de mercado para “totais de gols do primeiro tempo” na partida foram para esse resultado.
O caso também chamou a atenção pela rapidez entre a denúncia, feita em parceria com a CBF, e a ação da PF. A confederação espera que a mesma agilidade seja vista em eventuais outros casos de suspeita de manipulação no futebol brasileiro.