Não foram só os eleitores norte-americanos, as lideranças das principais potências do mundo e os analistas de política internacional que reagiram à estrondosa vitória de Donald Trump na eleição presidencial dos Estados Unidos. O mercado financeiro, servindo como termômetro a respeito dos efeitos da política econômica do republicano, também esteve agitado ao longo de toda a manhã desta quarta-feira 6.
Antes mesmo do anúncio da vitória de Trump, o dólar já operava em forte alta, em relação às principais moedas do mundo. A subida também foi sentida nos principais índices norte-americanos.
Logo de início, o índice Dow Jones, o mais tradicional do mercado de ações dos EUA, subiu 3,18%, chegando aos 43.566 pontos. O S&P, que reúne as principais empresas do mundo na Nasdaq e na Bolsa de Valores de Nova Iorque, teve alta de 2,21%, chegando aos 5.910 pontos.
A primeira explicação imediata para o avanço dos ativos dos EUA vem das próprias promessas de campanha de Trump, já que o republicano insinuou que pretende acirrar as disputas comerciais com a China e com a União Europeia. Não por acaso, operadores do mercado ecoam a avaliação de que esperam um acirramento nessas já tensas relações a partir de 2025.
Como consequência disso, as principais bolsas da China tiveram queda no dia seguinte à vitória republicana. O índice de Xangai, por exemplo, teve queda de 0,09%. Enquanto isso, o índice CSI300, que dá conta das principais empresas em Xangai e em Shenzhen, recuou 0,5%.
Mas, no gigante asiático, as principais quedas viera das ações das empresas de tecnologia da China listadas em Hong Kong. Os papeis da Alibaba, o conglomerado de e-commerce que é responsável pela plataforma Aliexpress, por exemplo, recuaram 4%.
Reação no Brasil
No Brasil, o dólar comercial começou o dia subindo quase 2% frente ao real. Em meio às expectativas sobre se as políticas de Trump levariam a uma alta das tarifas de importação, pressionando a inflação nos EUA, o dólar ganhou força. Ao longo do dia, porém, a moeda norte-americana foi perdendo ímpeto, graças a análises que indicam que a volta de Trump ao poder talvez leve os EUA a um problema fiscal.
No início da tarde, o dólar já operava em baixa de 0,08% frente ao real, sendo cotado a R$ 5,742. O contrato de dólar futuro – que, como o nome diz, se baseia na especulação sobre a variação futura do câmbio – chegou a subir 0,82% nesta quarta-feira.
Incentivo a criptomoedas
Outra subida notável foi sentida pelo bitcoin, a principal criptomoeda do mercado. Logo após a vitória de Trump, a moeda foi negociada perto dos 74 mil dólares, praticamente igualando a sua máxima histórica. Só nesta manhã, a subida foi de cerca de 7%. No Brasil, a alta foi de mais de 11%, chegando a mais 440 mil reais.
Na campanha, Trump se mostrou abertamente favorável a criptomoedas. No meio do ano, durante a corrida pela Casa Branca, o republicano chegou a dizer que, “se a criptografia vai definir o futuro”, ele quer que ela “seja extraída, cunhada e fabricada nos Estados Unidos”. Ele prometeu transformar os Estados Unidos na “capital mundial do bitcoin e das criptomoedas” com uma estrutura regulatória extremamente flexível.
“O bitcoin é um dos principais ativos no centro das transações na noite da eleição americana: ele é relativamente líquido e extremamente dependente do resultado da votação”, disse Fredrick Collins, da plataforma VeloData, citado pela Bloomberg.
É por isso que esse especialista considera muito provável que “o aumento do preço (do bitcoin) esteja intimamente associado” à vitória de Trump.
O ether, outra criptomoeda popular, subiu até 6%, para US$ 2.599 (valor em 15 mil dólares na cotação atual).
Tesla em alta
Outro exemplo de como a vitória do republicano agitou o mercado pôde ser visto nas ações da Tesla, empresa de veículos elétricos comandadas pelo bilionário Elon Musk, principal apoiador de Trump em 2024.
As ações da Tesla subiram mais de 15% nesta quarta-feira nas negociações prévias à sessão em Wall Street. Por volta das 07h10 no horário de Brasília, as ações da fabricante automotiva subiam 15,11%, a US$ 289,44 (R$ 1.674) nos contratos futuros do índice Nasdaq, que dão uma indicação antes do início da sessão.
“As ações da Tesla estão crescendo […] devido às relações privilegiadas de Elon Musk com Donald Trump” que “lhe deve muito”, explica Andrea Tueni, analista de mercado do Saxobank, à AFP.
(Com informações de AFP)