“Eu nem sabia que eram 56”, despistou Guilherme Derrite, secretário de Segurança Pública de São Paulo, ao ser indagado sobre o trágico saldo da Operação Verão, encerrada na segunda-feira 1º. A letalidade da PM disparou após a morte do policial Samuel Wesley Cosmo, abatido a tiros durante um patrulhamento de rotina em uma favela de palafitas de Santos, no Litoral Sul. No ano anterior, o assassinato de outro soldado da Rota, a tropa de elite da PM paulista, foi o estopim para a deflagração da Operação Escudo, encerrada depois de 40 dias e uma pilha de 45 corpos. Desde então, Derrite, ele próprio um ex-oficial da Rota, faz pouco caso dos relatos de torturas e execuções sumárias durante o revide policial na Baixada Santista. Não apenas ele, mas também o seu chefe, o governador Tarcísio de Freitas, do Republicanos. “Pode ir à ONU, à Liga da Justiça, ao raio que o parta, que não estou nem aí”, disse recentemente, ao ser indagado sobre casos denunciados pela Ouvidoria das Polícias e organizações da sociedade civil.
Perto de completar 40 anos, Derrite costuma repetir, em entrevistas para podcasts bolsonaristas, que se sente um homem realizado. Aos 18 anos, ingressou na Academia do Barro Branco, a escola de formação dos oficiais da PM paulista, para concretizar o “sonho de infância” de ser policial. No início da carreira, trabalhou no patrulhamento de Osasco, na Região Metropolitana de São Paulo, mas logo se candidatou para uma vaga na Rota. À época, disse a um youtuber, foi rejeitado por já ter duas mortes no currículo. A unidade passava por um processo de depuração, queria livrar-se da fama de agir com extrema violência. Com a ascensão do Coronel Telhada para o comando do batalhão, o que era uma desvantagem tornou-se um trunfo.