Divulgada pelo Instituto de Pesquisa Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) nesta segunda-feira (20), uma nova previsão aponta que a água do Guaíba deve descer até os 4 metros até esta quarta (22). No entanto, o Instituto reforça que a diminuição do volume do lago continuará lenta, provavelmente permanecendo na faixa entre os 3 e 4 metros até, pelo menos, a primeira semana de junho.
Desde o dia 15, o nível do Guaíba vem recuando lentamente, sendo segurado por ventos vindos do Sul ao mesmo tempo que recebe mais água de chuvas esporádicas. Ambos os fenômenos devem ocorrer novamente nesta semana. A partir desta terça, diversas regiões do Estado receberão chuvas fortes, enquanto que, na próxima sexta-feira (24), um forte vento Sul pode represar o escoamento da água para a Lagoa dos Patos — possivelmente ocasionando uma nova subida do lago aos 4 metros.
O cenário do final da semana se deve, principalmente, à chegada de uma massa de ar polar que, além do vento forte, também trará frio intenso e prolongado ao Rio Grande do Sul, com quedas severas de temperatura em todo o estado.
De acordo com o pesquisador Rodrigo Paiva, professor do IPH que participa dos estudos, era esperado um ritmo lento da descida das águas porque isso já aconteceu na cheia de 1941, quando o Guaíba atingiu 4,76 m. “Naquela cheia, as águas demoraram 20 dias para baixar mesmo tendo um volume menor do que a atual. De lá para cá, a população cresceu bastante e ocupou as áreas de várzeas dos rios Jacuí, Sinos e Caí que estão conectados com o Guaíba. O impacto, agora, foi muito maior e o tempo de escoamento também aumenta”, disse.
A MetSul Meteorologia reforçou que Porto Alegre deve começar o mês de junho ainda sob as condições da enchente, com áreas da cidade alagadas. “O pico no começo do mês foi mais de meio metro superior ao de 1941 quando a enchente, menor do que esta, atingiu o pico em dez dias e as águas levaram mais 20 dias para baixarem. O Guaíba, mesmo baixando, ainda está 1,70 m da cota de transbordamento e quase 3 m acima da cota de cheia”, informou a agência.
Os pesquisadores do IPH recomendam atenção especial da população afetada para os riscos que ainda existem de um novo repique devido às chuvas e ações imediatas de órgãos públicos para o restabelecimento de infraestruturas e manutenção de serviços essenciais. Até o momento, o número de óbitos confirmados em todo o Rio Grande do Sul segue sendo de 157, com 85 pessoas ainda desaparecidas. Há 76.188 pessoas em abrigos e 581.633 desalojados.