Jackson Pollock foi um pintor norte-americano e um dos maiores expoentes do movimento conhecido como expressionismo abstrato. Suas obras são bastante conhecidas e pouco compreendidas, se caracterizando por pingos e linhas de tinta entrelaçados. Ao olharmos para seus quadros, sentimos que há algo ali, mas não conseguimos entender nada. Enxergamos apenas rabiscos coloridos, um emaranhado caótico de linhas e cores.
Eduardo Coudet é o Pollock dos treinadores.
Quando da primeira passagem pelo Colorado (janeiro a novembro de 2020), Coudet reclamou reiteradamente da falta de opções no elenco, do “grupo curto” que o Inter tinha. Nesta segunda passagem, o presidente Alessandro Barcellos abriu o cofre e tratou de contratar. A desculpa da falta de opções entre os jogadores não cabe mais, portanto.
O Inter tem uma folha mensal no futebol que gira em torno dos R$ 20 milhões – somente de janeiro a abril foram gastos R$ 83,5 milhões no grupo do futebol, incluindo salários, benefícios e direitos de imagem. O alto investimento em busca de conquistas é, inclusive, um dos responsáveis pelo déficit de R$ 98,6 milhões nos quatro primeiros meses do ano.
Sem negar o fato que são as dificuldades causadas aos clubes gaúchos em razão da tragédia climática que assolou o RS, a questão é que o Inter vem apresentando um desempenho muito abaixo do esperado. E não é de hoje.
Até o momento na temporada, o Colorado tinha dois objetivos: chegar à final do Campeonato Gaúcho e se classificar para a segunda fase da Copa Sul Americana. O time fracassou em ambos.
Há quem peça mais tempo para Coudet trabalhar, mas o técnico está prestes a completar um ano no comando da equipe e o time não apresenta nada em campo. Não há mecânica, não há movimentos naturais, não há jogadas ensaiadas, não há aproximação, não há ultrapassagens. Talvez, Coudet, de fato precise de mais tempo. Quem sabe, as opções são tantas, que ele está tendo dificuldades em encaixar as peças. Entretanto, os resultados são muito ruins. E, os comentaristas táticos que me desculpem, mas, em futebol, o resultado é fundamental.
O Inter é um emaranhado dentro de campo, com movimentos erráticos dos jogadores que atuam mais por instinto do que por organização tática. O Inter de Coudet é um quadro de Jackson Pollock. Sabemos que há algo ali, mas a confusão é tão grande que não conseguimos entender nada.
J.P Galvão e o curioso caso do jogador que não sabemos se é bom ou é ruim
Este jornalista jura que se esforça para compreender o atleta J.P Galvão. Tento entender os motivos que levam Renato Portaluppi em insistir em utilizar um jogador que não entrega nada em campo e que vai deixar o clube no final do mês. Busco explicações, escavo justificativas, garimpo desculpas. Nada.
J.P Galvão é uma incógnita. Um mistério. Não posso dizer que ele é bom, mas também não posso afirmar que ele é ruim. Na verdade, posso falar pouco sobre ele.
O Grêmio já teve ótimos centroavantes como Jardel e Suárez. Já teve péssimos centroavantes como Braian Rodriguez e Churin. Mas, de J.P Galvão, não é possível falar nem uma coisa nem outra.
O centroavante não participa do jogo, ele se esconde, foge da bola. Não dá um passe para que possamos avaliar. Não tenta uma assistência, não dificulta a saída adversária, não briga na bola aérea, não fecha as laterais, não se apresenta para combinações, não finaliza a gol.
Não sabemos se J.P Galvão é um mal jogador pelo simples fato de que ele não apresentou nada para que possamos fazer a avaliação. J.P. Galvão é uma tela em branco que chegou desconhecido em Porto Alegre e, da mesma forma, irá ir embora.