Com as eleições de 2026 já no radar, o PT reafirmou, em deliberação após reunião nesta semana, que apoiará a tentativa de reeleição do prefeito João Campos (PSB) no Recife mesmo se não emplacar um vice na chapa do mandatário. Ainda assim, a sigla busca, até o final do mês, definir um nome para ser indicado ao posto.
O movimento ocorre após uma série de quadros do governo de João Campos se filiarem a legendas aliadas, entrando no páreo pelo posto de vice. Foram eles:
- Felipe Matos: secretário de Planejamento, foi para o Republicanos;
- Maíra Fischer: secretária de Finanças, para o União Brasil;
- Marília Dantas: secretária do Infraestrutura, para o MDB;
- Victor Marques: chefe de gabinete, foi para o PCdoB, partido federado com o PT junto ao PV.
O PT tem dois postulantes para a vice de João Campos: Carlos Veras e Mozart Sales. O primeiro é deputado federal desde 2019, e o segundo, assessor especial da Secretaria de Relações Institucionais do governo federal, pasta ocupada por Alexandre Padilha.
Até o final do mês, o partido pretende chegar a um consenso por um nome, em conversas que contam com a participação da direção nacional da legenda, na pessoa da presidente Gleisi Hoffmann, e também do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que recentemente esteve no Recife e tratou do assunto com o prefeito.
“Separamos um conjunto de capitais que estamos dando um tratamento diferenciado”, diz à CNN o senador Humberto Costa (PT-PE), que coordena o grupo da legenda responsável por esboçar análises conjunturais sobre as eleições, de modo a subsidiar a direção nacional com informações.
Segundo o âncora da CNN Gustavo Uribe, Lula defende que o PT pressione pela vice, mas que não leve o movimento até contratar um desgaste com o prefeito aliado, que conta com altos índices de aprovação no Recife e desponta na frente nas últimas pesquisas de intenções de voto. Dados do agregador de pesquisas Índice CNN apontam que João Campos tem 65% das intenções de voto no Recife. Daniel Coelho (Cidadania) tem 8%, e Gilson Machado (PL), 6%.
“Nossa posição estratégica é olhar para a frente”, diz à CNN o presidente do PT no Recife, Cirilo Mota, que vê nas eleições no Recife um primeiro passo para uma aliança maior, visando 2026 e o pleito para o governo de Pernambuco.
Reafirmando apoio em 2024 no Recife e sinalizando para uma empreitada estadual de Campos em 2026, o PT também visa garantir que o atual prefeito estará em um eventual palanque de Lula à reeleição nas eleições presidenciais dentro de dois anos.
Depois de mais de 15 anos no comando do governo estadual, em uma dinastia iniciada pelo pai de João Campos, Eduardo Campos, em 2007, o PSB perdeu o comando de Pernambuco nas eleições de 2022 para Raquel Lyra, hoje no PSDB, mas que é ex-socialista (saiu da sigla em 2016, em meio a divergências sobre alianças municipais).
Como já está buscando a reeleição, João Campos é cotado como possível desafiante de Raquel Lyra em 2026. Aliados apostam na sua popularidade na capital como um impulso capaz de fazê-lo retomar o governo de Pernambuco para o grupo político socialista.
Um dos fatores que levam Campos a segurar o intento do PT é justamente ganhar tempo para angariar mais apoios para a reeleição em 2024, que poderiam se repetir em 2026 – o União Brasil, da secretária Maíra Fischer, por exemplo, é aliado de Raquel Lyra no governo do estado.
“O momento é de discussões com os partidos que estão ocupando espaço no governo municipal e vão estar com a gente na eleição que se avizinha. Existem diversas possibilidades”, diz à CNN o presidente do diretório recifense do PSB, Gabriel Leitão.
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