O recurso do Ministério Público Federal (MPF) contra a anulação do júri que condenou quatro réus pelo caso da Boate Kiss chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira (3). O processo ainda não foi distribuído a um ministro da Corte.
Em março, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) aceitou o recurso e determinou o envio do caso ao Supremo.
Ao admitir a tramitação do recurso, o ministro Og Fernandes, vice-presidente do STJ, disse que a decisão da Corte revela possível divergência com a jurisprudência do STF e que a discussão tem caráter constitucional.
No recurso, o MPF contesta decisão da Sexta Turma do STJ que, em setembro do ano passado, manteve a anulação do júri no Rio Grande do Sul.
A maioria dos ministros do colegiado do STJ entendeu que ocorreram diversas ilegalidades na sessão do tribunal do júri que condenou os réus pelos crimes de homicídio consumado e tentado.
Entre as ilegalidades citadas, estavam falhas na escolha dos jurados, a realização de reunião reservada entre o juiz presidente do júri e os jurados – sem a participação da defesa ou do Ministério Público –, além de irregularidades na elaboração dos quesitos de julgamento.
O júri da Boate Kiss foi anulado pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS), em agosto de 2022.
Condenados foram soltos
Elissandro Sphor e Mauro Hoffmann, empresários e ex-sócios da Boate Kiss, e Marcelo de Jesus e Luciano Bonilha, integrantes da banda Gurizada Fandangueira, haviam sido condenados a penas que variam de 18 a 22 anos de prisão, em dezembro de 2021. Com a anulação, eles deixaram a prisão.
Um segundo júri chegou a ser marcado par ao final de fevereiro de 2024, mas foi suspenso pelo ministro Dias Toffoli, do STF, em fevereiro deste ano.
Para o magistrado, um segundo júri poderia levar a um resultado diferente do primeiro, “causando tumulto processual”, já que a decisão que ainda está pendente a análise do recurso contra a anulação do julgamento inicial.
O incêndio na casa de shows em Santa Maria (RS), em janeiro de 2013, matou 242 pessoas. Outras 636 ficaram feridas.
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