A vereadora Silvia Ferraro, da Bancada Feminista do PSOL, encaminhou uma representação à Corregedoria da Câmara Municipal de São Paulo pedindo a cassação do mandato do vereador Rinaldi Digilio (União), sob o argumento de que ele descumpriu uma decisão judicial ao homenagear a ex-primeira dama Michelle Bolsonaro (PL) no Theatro Municipal.
Autor da proposta, o vereador comandou a entrega do título de cidadã paulistana a Michelle na noite da segunda-feira 25 e, segundo informações da Câmara, resolveu pagar do próprio bolso pelo aluguel do espaço, “a fim de evitar qualquer questionamento sobre eventual dano ao erário público”. Os custos para a cerimônia foram estimados em cerca de 100 mil reais.
O evento contou com as presenças do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do prefeito Ricardo Nunes (MDB). O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) não compareceu.
Na peça protocolada nesta terça, Silvia Ferraro destaca que a cessão do Theatro Municipal ocorreu com “fins exclusivamente políticos”, uma vez que o evento não tinha qualquer natureza artística e, portanto, seria “incompatível com a natureza jurídica do espaço e da própria legislação brasileira”.
“O evento não se tratava verdadeiramente de uma entrega de honraria, mas sim de um evento com finalidade única e exclusiva de promover a candidatura a reeleição do prefeito com o selo de aprovação da ex-primeira-dama sra. Michelle Bolsonaro”, sustenta a vereadora do PSOL.
Segundo Ferraro, Digilio também violou o decoro do cargo e, ao se dispor a alugar o espaço, promoveu “uma manobra processual na tentativa vã de driblar a decisão judicial que deveria cumprir”.
“O vereador deve pagar por isso. Caso contrário, será a população de São Paulo que vai pagar pelos abusos de políticos contra as instituições democráticas, como já é marca registrada do bolsonarismo”, disse a vereadora a CartaCapital.