Loraine Luz, especial para o JC
Quatro por cento das unidades da Renner foram atingidas pela catástrofe, com alagamento num nível pequeno, de subsolo, e foi possível retirar tudo para evitar maiores danos. Em torno de 400 colaboradores, dos 5 mil no Estado, foram afetados direta ou indiretamente. Nesta entrevista, o CEO da marca, Fabio Faccio, fala sobre o impacto para a empresa e seus colaboradores.
JC – Que cálculo fazem de prejuízo Renner nas primeiras semanas da catástrofe?
Faccio – Eu diria que a gente não tem nenhuma perda relevante de material, de equipamento, de estoque. Infelizmente, outras empresas tiveram. O que tivemos foi perda de fluxo nas lojas, o que impacta nas vendas, além de um aumento de custos operacionais em função de alguns deslocamentos mais difíceis. E temos o aporte que estamos fazendo, que é um investimento nas pessoas, nas comunidades, que é super importante, mas com certeza sai dos nossos resultados. Uma parte, na verdade, porque boa parte dos resultados já é naturalmente voltada para isso de qualquer forma.
Rede de vestuário, a Renner já entregou 147 mil peças de roupas aos atingidos pelas cheias e prevê um total de 280 mil itens ainda
Renner/Divulgação/JC
JC – A catástrofe mostra que cada vez mais é preciso investir em ESG. Essa pauta precisa de mais robustez?
Faccio – É uma excelente pergunta, porque nos permite falar da nossa estratégia, de ser referência em moda responsável. A Renner trabalha fortemente nisso. Está nos nossos princípios, valores, a gente é referência. No ranking do Dow Jones Sustainability Index, por exemplo, somos a primeira em todo o setor de moda no mundo. Um momento como este reforça a importância disso. Quando a gente vê o que está acontecendo com o clima, fica clara a importância de se ter uma estratégia de sustentabilidade, de ESG para o mundo como um todo. Sei que tem gente que afirma: ”ah, isso já aconteceu no passado”. Me incomoda um pouco essa fala. Aconteceu em Porto Alegre em 1941, há mais de 80 anos, a gente não tinha as redes fluviais que existem hoje. Então, aconteceu em menor proporção e em menor escala. Se a gente lembrar, 30 anos depois, foram feitos o muro, os diques, as bombas. De vez em quando foram usadas. O mais grave ainda é que num período de menos de um ano já aconteceu cinco vezes, se não estou enganado. Junho, setembro, novembro, janeiro, abril e maio. Já acontecia alagamentos, mas nunca na frequência e na intensidade com que está acontecendo, em toda a história de um Estado como o Rio Grande do Sul, cujo tamanho é praticamente um País. E não é só aqui. É no mundo inteiro. O Sudeste do Brasil nunca teve temperaturas altas durante tanto tempo no outono, é praticamente o outono inteiro com 33°C, 34°C graus em São Paulo e Minas Gerais.
JC – A catástrofe acelera os planos de vocês ou acreditam que estão indo em ritmo adequado e satisfatório?
JC – Para finalizar, todas essas ações de resposta ao desastre já foram calculadas?
Faccio – Nesse momento, é prematuro a gente afirmar um número. Ainda estamos na fase 1, tem a fase 2 que vai ser mais longa. Agora, a gente está mais preocupado em fazer para depois estimar tudo. Mas a gente fez uma primeira estimativa. Eu diria que, na pandemia, investimos mais de R$ 10 milhões. E, conforme as primeiras estimativas que fizemos, esse valor vai ser extremamente superior. Mas é difícil precisar agora.