A Comissão de Assuntos Econômicos do Senado aprovou, nesta terça-feira 8, a indicação do economista Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central.
Indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Galípolo foi aprovado por unanimidade no colegiado, com placar de 26 votos a 0.
Para que Galípolo seja chancelado em definitivo como novo presidente do BC, a indicação terá de passar pelo plenário da Casa, o que deve acontecer ainda nesta terça. Ele precisa receber ao menos 41 votos favoráveis, do total de 81 senadores. O cenário para a aprovação é favorável.
Na prática, a sabatina cumpriu uma formalidade, uma vez que, desde a sua indicação, no fim de agosto, Galípolo se lançou na busca por apoios. Com uma intensa agenda política nas últimas semanas, o economista se reuniu com lideranças da Casa, desde apoiadores de primeira ordem do governo a opositores.
Com isso, o próximo presidente do BC chegou à sabatina respaldado pelo apoio da maioria dos senadores. Quem também bancou a candidatura de Galípolo foi o atual presidente da instituição, Roberto Campos Neto, cujo mandato se encerra no fim deste ano.
Galípolo negou que exista algum tipo de pressão do governo sobre futuras decisões que terá de tomar no BC. “A verdade é que eu nunca sofri nenhuma pressão. Seria muito leviano da minha parte dizer que o presidente Lula fez qualquer pressão sobre mim em qualquer tipo de decisão.”
Segundo ele, Lula foi “enfático” sobre a sua independência no órgão. “Toda vez que me foi concedida a oportunidade de encontrar o presidente Lula, escutei de forma enfática e clara a garantia da liberdade na tomada de decisões e que o desempenho da função deve ser orientado exclusivamente pelo compromisso com o povo brasileiro.”
Ele também foi questionado por senadores sobre como pretende agir em caso de necessidade de aumento da taxa básica de juros no País. O tema foi um dos principais alvos de crítica de Lula à gestão de Campos Neto. Galípolo se apegou à sua trajetória no órgão para dizer que está habituado a votar a favor e contra a subida da Selic.
“Em um ano e meio, já cortei, subi e mantive. Completei a caderneta. Já fiz as três opções que um diretor de política monetária pode fazer.”
O economista também foi questionado sobre como enxerga a atuação das bets no Brasil. Foi do BC, por exemplo, o estudo que mostrou o alto nível de endividamento das famílias brasileiras com apostas esportivas.
“Eu confesso aqui que, nas primeiras reuniões, quando os números me foram apresentados, eu tive uma grande desconfiança sobre os números, e a cada reunião aqueles números vinham se confirmando, até chegar ao montante que ficou público no estudo que o Banco Central fez”, afirmou. “Sempre reforçando aqui que o Banco Central não tem qualquer atribuição sobre a regulação de jogos e apostas.”
Ao longo da sabatina, ele também defendeu uma relação institucional entre o BC e o Planalto, destacando que mantém boas relações com Lula e com Campos Neto.
“Sinto que gerei uma grande frustração de que, ao entrar no BC, fosse começar um reality show. Minha relação com o presidente Lula e com o presidente Roberto sempre foi a melhor possível”, disse.
Galípolo pontuou, também, que a autonomia do órgão não significa dizer que o BC deva “virará as costas para o poder democraticamente eleito”. Segundo ele, cabe ao governo definir as metas de inflação e “ao BC e à sua diretoria perseguir essa meta”.
Perfil
Gabriel Galípolo, 42 anos, integrou o governo de transição, no Grupo de Trabalho da Infraestrutura. Logo no início de 2023, assumiu a secretaria-executiva do Ministério da Fazenda.
Formado em Ciências Econômicas e mestre em Economia Política pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, foi pesquisador-sênior do Centro Brasileiro de Relações Internacionais e presidente do Banco Fator de 2017 a 2021.
No currículo, Galípolo ainda ostenta o posto de chefe da Assessoria Econômica da Secretaria de Transportes Metropolitanos do estado de São Paulo, em 2007, e o de diretor da Unidade de Estruturação de Projetos da Secretaria de Economia e Planejamento paulista, no ano seguinte.