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Tensão entre Lira e Padilha chega ao ápice, mas se acumula desde 2023; relembre – Política – CartaCapital

Tensão entre Lira e Padilha chega ao ápice, mas se acumula desde 2023; relembre – Política – CartaCapital



A relação entre o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), chegou nesta quinta-feira 11 ao seu momento mais delicado, mas acumula um desgaste crescente desde o ano passado.

Lira chamou Padilha de “incompetente” e “desafeto pessoal” durante um evento em Londrina (PR). O pano de fundo imediato é a votação em que a Câmara confirmou, na quarta 10, a prisão do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), suspeito de mandar matar a vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (PSOL).

Questionado sobre a avaliação de que teria saído enfraquecido da sessão, Lira disparou: “Essa notícia hoje, que você está tentando verbalizar, porque os grandes jornais fizeram, foi vazada do governo e basicamente do ministro Padilha, que é um desafeto, além de pessoal, incompetente”.

A “tese” parte do fato de que aliados relevantes de Lira – em especial o líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA) – articularam um movimento para libertar Brazão, sob o argumento de que a prisão seria inconstitucional.

As críticas a Padilha, no entanto, não começaram nesta quinta. O clima de turbulência se arrasta desde o ano passado, o que provocou mudanças na articulação política. No centro da disputa estão a forma e a celeridade na distribuição de emendas parlamentares.

No início de 2024, Lula sancionou a Lei Orçamentária Anual com um veto de 5,6 bilhões de reais sobre o orçamento das emendas de comissão, o que irritou Lira e parte significativa dos parlamentares. Na versão aprovada pelo Congresso, esse tipo de emenda previa 16,7 bilhões de reais, mas, com o veto, a projeção caiu para 11,1 bilhões.

O deputado também se irritou com a tentativa do governo de reverter via medida provisória assuntos decididos pelo Congresso. Entre os exemplos estão a reoneração da folha de pagamentos de 17 setores da economia e o fim gradual do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse).

Em fevereiro, na abertura oficial dos trabalhos do Congresso, Lira não poupou recados ao governo. Na ocasião, afirmou ser necessário cumprir todos os acordos firmados.

“É por nos mantermos fieis à boa política e ao cumprimento de todos os ajustes que firmamos que exigimos como natural contrapartida o respeito às decisões e o fiel cumprimento dos acordos firmados com o Parlamento“, disse Lira. “Conquistas como a desoneração e o Perse, essencial para milhões de empregos de um setor devastado pela pandemia, não podem retroceder sem uma ampla discussão com este Parlamento.”

Lira atribui a Padilha uma suposta falha no cumprimento de acordos entre Executivo e Congresso, inclusive na liberação de recursos via emendas. O ministro, por sua vez, sempre negou as acusações.

Em meio às críticas a seu articulador político, Lula sinalizou antes do Carnaval que abriria um canal direto de comunicação com Lira. O ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), também passou a exercer um papel mais relevante no diálogo entre o Palácio do Planalto e a Câmara.

Semanas depois dos “recados” no plenário, Lula recebeu Lira no Palácio da Alvorada, a fim de tentar reduzir a tensão. A reação do deputado ao encontro foi positiva, com uma sensação de “jogo zerado” no diálogo com o governo. Com Padilha, porém, a relação não mudou.

No caso de Chiquinho Brazão, Lira teria se incomodado com o que considerou uma interferência do governo na votação. Padilha disse publicamente que a orientação do Planalto à sua base era pela manutenção da prisão.

Pouco após o ataque de Lira vir à tona nesta quinta, Padilha publicou nas redes sociais um vídeo em que Lula elogia seu desempenho na pasta de Relações Institucionais.

“Ter ouvido isso ontem, publicamente, do maior líder político da história do Brasil é sempre uma honra para toda a equipe do Ministério das Relações Institucionais”, escreveu o ministro. “Agradecemos e estendemos esse reconhecimento de competência ao conjunto dos ministros e aos líderes, vice-líderes e ao conjunto do Congresso, sem os quais não teríamos alcançado os resultados elogiados pelo presidente Lula, com a aprovação da agenda legislativa prioritária para o governo e para o Brasil.”

Também nesta quinta, ao ser questionado sobre a ofensiva contra Padilha, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), defendeu o ministro.

“Nós temos que evitar esses problemas. O Brasil já tem muitos problemas. Ninguém é perfeito, mas ninguém é tão mau assim”, afirmou. “Eu me esforço muito para manter uma boa relação com o governo. Considero (Padilha) também competente. Da parte do Senado Federal, vamos buscar ter o melhor relacionamento possível.”



Fonte: Carta Capital

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